Hoje tivemos um "dharma com pipoca" aqui na comunidade da casa verde. O filme, é Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera. Um filme muito bonito, de visual mais bonito ainda. A segunda vez que eu o via.
E então, pela primeira vez, fui a uma sangha de budismo vajrayana - budismo tibetano. Aquela, que fica no Canto da Lagoa, atrás do bambuzal. Fomos eu, Edgar e o grande (literalmente) Flávio "Joshin", a convite do último que já conhecia um pessoal de lá.
Era uma cerimônia de tsog. Eu não sei o nome exato, ou do que se trata, mas era uma cerimônia de "Tara Vermelha" (faço pouco idéia do que seja, sei que é a invocação da tal), e no primeiro domingo do mês eles fazem uma espécie de oferenda de alimentos que todos comem - tsog, que foi o que eu fui.
Chegamos atrasados e nos sentamos no fundão, colocando almofadinhas coloridas nas nádegas. Crianças corriam para lá e para cá, um gato que ficava circulando pelas pessoas atrás de carinho e comida - muito parecido com o meu, por sinal, na primeira vez que o vi levei um susto de três nanosegundos, "o que você está fazendo aqui?". O lugar era muito colorido, com várias figuras nas paredes, de cores fortes, com flores estilizadas; um lugar gostoso. Um cheiro doce e fresco emanava de algum lugar.
E um monte de recitações em tibetano. Aproveitei o ambiente para um pouco de zazen. As recitações não paravam. Uma hora, dedicaram algumas palavras para seres que tinham morrido recentemente, incluindo a monja Zuiten do zen, vários praticantes humanos, um "cachorro na Lagoa" e um beija-flor.
Chegam então os pratinhos com comida. Uma pequena melange de várias coisas: um pedacinho de maçã, outro de banana, um sanduichinho de atum, tirinhas de pimentão verde, uma uva passa, fatia de queijo, biscoitinhos cream-cracker e wafers, fatias de pepino em vinagre, um pedaço de salame italiano e pimentinhas vermelhas. O último item me surpreendeu mais que o antepenúltimo (já sabia que o pessoal do vajrayana não negava carne), mas então me lembrei que era um cerimônia dos "cincos sabores", segundo meu grande amigo.
Comecei a comer as coisinhas... e o pessoal continuava recitando. Até me meti a comer a pimentinha. Uma mulher do lado me pede para eu ter cuidado, mordiscar a pontinha da pimenta primeiro. Agradeço e dou um bicadinha, que arde; "se é para comer, coma tudo de uma vez". E eu meto a pimenta na boca e a mastigo. E ela arde. Caramba, como a pimenta arde.
Chorava e fios de água escorriam pelo meu nariz. Cada respiração era como uma chama que se voltava para dentro. Recebi cinco pimentas: uma o Edgar pegou, três eu comi - a última eu praticamente engoli - e uma ficou para trás. Pretendia comer todas, afinal nunca se sabe o que o pessoal acha falta de respeito, mas uma ficou para trás - estava de bom grado para mim, muito bom grado.
Ótima oportunidade para olhar sensações sem se deixar levar demais... afinal, vai passar. Mas que arde, arde pra caralho.
Essa foi a minha visita no centro vajrayana. Fiquei contente de conhecer os colegas, e fiquei mais contente ainda por praticar o zen. Não me dou muito bem com rituais, com recitações. Prefiro o zazen, curto e simples - literalmente, preto no branco.
As formas são diversas, contudo, para diversas pessoas, diversos interesses.
Obrigado, pessoal.
E então, pela primeira vez, fui a uma sangha de budismo vajrayana - budismo tibetano. Aquela, que fica no Canto da Lagoa, atrás do bambuzal. Fomos eu, Edgar e o grande (literalmente) Flávio "Joshin", a convite do último que já conhecia um pessoal de lá.
Era uma cerimônia de tsog. Eu não sei o nome exato, ou do que se trata, mas era uma cerimônia de "Tara Vermelha" (faço pouco idéia do que seja, sei que é a invocação da tal), e no primeiro domingo do mês eles fazem uma espécie de oferenda de alimentos que todos comem - tsog, que foi o que eu fui.
Chegamos atrasados e nos sentamos no fundão, colocando almofadinhas coloridas nas nádegas. Crianças corriam para lá e para cá, um gato que ficava circulando pelas pessoas atrás de carinho e comida - muito parecido com o meu, por sinal, na primeira vez que o vi levei um susto de três nanosegundos, "o que você está fazendo aqui?". O lugar era muito colorido, com várias figuras nas paredes, de cores fortes, com flores estilizadas; um lugar gostoso. Um cheiro doce e fresco emanava de algum lugar.
E um monte de recitações em tibetano. Aproveitei o ambiente para um pouco de zazen. As recitações não paravam. Uma hora, dedicaram algumas palavras para seres que tinham morrido recentemente, incluindo a monja Zuiten do zen, vários praticantes humanos, um "cachorro na Lagoa" e um beija-flor.
Chegam então os pratinhos com comida. Uma pequena melange de várias coisas: um pedacinho de maçã, outro de banana, um sanduichinho de atum, tirinhas de pimentão verde, uma uva passa, fatia de queijo, biscoitinhos cream-cracker e wafers, fatias de pepino em vinagre, um pedaço de salame italiano e pimentinhas vermelhas. O último item me surpreendeu mais que o antepenúltimo (já sabia que o pessoal do vajrayana não negava carne), mas então me lembrei que era um cerimônia dos "cincos sabores", segundo meu grande amigo.
Comecei a comer as coisinhas... e o pessoal continuava recitando. Até me meti a comer a pimentinha. Uma mulher do lado me pede para eu ter cuidado, mordiscar a pontinha da pimenta primeiro. Agradeço e dou um bicadinha, que arde; "se é para comer, coma tudo de uma vez". E eu meto a pimenta na boca e a mastigo. E ela arde. Caramba, como a pimenta arde.
Chorava e fios de água escorriam pelo meu nariz. Cada respiração era como uma chama que se voltava para dentro. Recebi cinco pimentas: uma o Edgar pegou, três eu comi - a última eu praticamente engoli - e uma ficou para trás. Pretendia comer todas, afinal nunca se sabe o que o pessoal acha falta de respeito, mas uma ficou para trás - estava de bom grado para mim, muito bom grado.
Ótima oportunidade para olhar sensações sem se deixar levar demais... afinal, vai passar. Mas que arde, arde pra caralho.
Essa foi a minha visita no centro vajrayana. Fiquei contente de conhecer os colegas, e fiquei mais contente ainda por praticar o zen. Não me dou muito bem com rituais, com recitações. Prefiro o zazen, curto e simples - literalmente, preto no branco.
As formas são diversas, contudo, para diversas pessoas, diversos interesses.
Obrigado, pessoal.
0 comentários:
Postar um comentário