sábado, 17 de janeiro de 2009

Luar


Hausto novo: enterrar os pés na areia,
mergulhar no marulhar e na alvura
da curva sensual, à lua cheia
na praia da Galheta. Esta doçura
é toda vossa; provei-lhe uma vez,
destilada, e cem por cento pura:
quase nada beba aspire embriaguez.

Um dos meus queridos poemas, com uma leve modificação geográfica.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Uma piada sutil

Num convento distante, numa colina próxima do mar, algumas freiras começaram a ficar grávidas, sem que homem algum tivesse passado por lá. Depois de muito estudo e pesquisa concluíram que um barril com material suspeito, jogado ao mar por marinheiros, teve seu material congelado pela água fria. Recolhido pelas freiras, o material foi confundido com parafina e usado para fazer velas.

Tirado daqui.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Tanatofilia

Pessoas sofreram vivissecção sem anestesia; pessoas sofreram vivissecção (sem anestesia) depois de infectadas com doenças. Grávidas passaram por vivissecção e tiveram seus fetos removidos - fetos "inoculados" pelos "médicos". Pessoas tiveram membros amputados - para estudar a perda de sangue. Algumas delas tiveram a sorte de terem seus membros recolocados - no lado oposto. Pessoas eram colocados nus no meio da neve, para provocar congelamento dos membros, muitas vezes com ajuda de água, até tornarem-se tocos sem braços ou pernas. Outras tiveram órgãos removidos - sem anestesia. Alguns eram colocados em câmeras de água gelada até a hipotermia, para tentar ser ressuscitados, e depois ser recongelados. Em uns, o estômago foi removido e o esôfago ligado com o intestino. Gêmeos foram retalhados ao meio e costurados depois. Pessoas foram usadas como alvos para o lançamento de granadas, flame-throwers, bombas de armas químicas ou biológicas. Eram infestados com doenças venéreas, com doenças - difarçadas de vacinas, com piolhos. Eram penduradas de cabeça para baixo, deixadas sem água e/ou comida, colocadas em câmera de alta-pressão, em centrífugas - para descobrir em quanto tempo morriam. Injetavam urina de cavalo nos rins, injetavam ar nas veias, injetavam sangue de animais, injetados com água do mar. Expostos a doses altas de raios-x, colocados em câmaras de gás. Transformados em sabão.

E alguém morre na cruz, ou na espada, ou no fogo, por livre e espontânea vontade, e é chamado de mártir? Me poupem.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Freud na Biblioteca do Congresso

Eis uma exibição (permanente?) da Biblioteca do Congresso norte-americano, onde encontram-se muitos documentos de/sobre Freud.

O site é imperdível, pois além de nos mostrar uma trajetória do homem, traz fotos, documentos, e mais importante de tudo, citações diversas, de diversas pessoas, e sua opinião sobre a psicanálise e afins. Isso é muito bom.

Quiz


Santa Teresa d'Ávila está:

a) gozando;
b) não gozando;
c) nem não-gozando;
d) além do gozo;
e) A Mulher não existe.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Heidi Taillefer

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Fim de ano - 2008

Novidades? Sei lá.

Bem, voltei do Rô no meio de dezembro do “ano passado”. Não sabe é o que é o Rô? Apelido carinhoso. Afinal, dá-lhe carinho.

Rohatsu sesshin, sesshin de sete dias com aproximadamente 8-10 horas de zazen por dia. É uma espécie de comemoração do despertar do Buda, tradicionalmente celebrado no dia 8 de dezembro. No último dia todos ficam praticando zazen até umas 3 da manhã. No último dia – depois de ter ameaçado ir embora desde o primeiro – eu saí antes, umas seis da tarde. Aqui vai um preview do trabalho do Bruno Mitih - a quem agradeço extensivamente a hospitalidade, ele e Kênia - no qual sou um coadjuvante pego de surpresa, no Rô do ano retrasado - já!

Trouxe comigo suzuri, fude e sumi – em barrinha, um quitizinho básico para brincar com os traços japoneses. Até agora a tinta e o suzuri não foram usados: testei o pincel com nanquim escolar, descobrindo que é fantástico, até mesmo para alguém que não sabe o que “fazer” com ele. Os nossos pincéis de pintura deixam a desejar, no desenho de traços.

Hoje de noite bateu a vontade de ralar um pouco de tinta e ver a textura. Mas não tenho pressa.

Depois da minha análise proto-acadêmica de Dogen – eu me animo, é a minha natureza intelectual, não tem jeito – recebo a visita de Will, que passa uma semana por aqui. Semana de excessos leves, obviamente, como somente sói a Will trazer. Um natal cheio de comida, e um ano-novo não tão frissonante assim. Eu sempre dizia que o ano-novo era a festa – a única festa civil – que tinha verdadeira importância para mim, e este ano me pareceu um tanto quanto esquisita – tirando os fogos, que sempre adoro.

A minha única resolução de fim de ano foi a de tirar, de uma vez por todas, os meus dois sisos esquerdos; a arcada de cima está visivelmente sendo arrastada para o lado direito, e sinto tensão nos maxilares. Como tenho bruxismo...

Uma deliciosa semana em que fui na praia praticamente todos os dias possíveis. A outra resolução – uma resolução que decidi deixar em aberto, para o caso de precisar dela mais tarde – foi a de ir na praia umas duas vezes por semana, durante o máximo de tempo que o tempo possa permitir. O que quer dizer até abril, ou menos. Sou um cara de constituição fina, como um magro cachorro sarnento, e qualquer corrente de água geladas que vem lavar as praias do sul da Ilha me deixa azul como uma anêmona – como descobri no Matadeiro dias atrás, depois que fiquei horas a fio enredado e dissolvido no mar gelado.

Saldo do ano? Bem, falei disto em outros lugares, mas pode ser resumido em mortes, decepções, sustos, fraquezas, e uma pitada crescente de hipocondria. E outras tantas coisas, mas esta é a parte mais trágica, e todos sabemos que é a parte que vende mais. Ninguém quer saber sobre a água que corre nas pedras da Armação – embora Will creia que sim, e acha que alguém, ou eu ou ele, tem de virar o Jorge Amado desta ilhota aqui.

As partes boas guardo para mim e aqueles que as compartilharam comigo.

Um grande abraço, e feliz ano novo!