Para o leitor desavisado, que pretender ler a deliciosa poesia de Catulo, ao pé do ouvido da pessoa que bem querer e desejar, aqui vai o Guia de Latim do Leitor Desavisado.
A pronúncia restaurada é como os estudiosos da atualidade pensam que era pronunciado o latim erudito, na época dos césares (e na velha república, também, época de Catulo). A importância dela? Bem, sei lá; mais para fazer grande figura, uns aos outros, nas leituras de Cícero, talvez.
Brincadeira: é importante no estudo de fonologia e de filologia. Muitos sons não existiam no latim daquela época, como o tal de j ("jáctabit audácia", no dizer do meu Ludus Secundus). É iactabit audacia; audaKia, para ser mais exato. Sem acentos, que o latim tem vogais duplas, e não acentos em si.
- c tem o som do nosso k, sempre. Jamais o som de s. Cicero é um exemplo clássico: por mais estranho que possa parecer, é pronunciado Kikero.
- g (ge, gi) é sempre pronunciado como gue de Guevara/ gui de "guia", e não como "je", de gerânio/ "ji" de gilete.
- o som de v não existia; acréscimo posterior. Todo v que ainda possa encontrar é, na realidade, um u. Os textos mais modernos já fazem esta substituição, com exceção das maiúsculas, que são sempre V (pronunciadas como u). Viuit, "vive"; uiui. Valerius (VALERIVS); Ualerius.
- qu é como se tivesse trema, jamais com o som de k. Quemquem fica parecendo um pato grasnando.
- r sempre soa como o italiano "amore"; nunca como "rua".
- s, sempre como "sapo", "cera", "cima", "some", "surucucu".
Como dito anteriormente, o latim se baseia, como o grego, na duração das vogais na métrica poética, diferentemente de nossa poesia que se baseia nas tônicas.
No verso de Catulo,
uīuāmūs mĕă Lēsbĭa. ātque ămēmŭs.
o ā é longo e o ă é curto, e a métrica é feita em cima disto.
Existem algumas regras para aprender onde vão umas e outras, mas são chatas, e não quero dar uma aula.
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