Todo mundo sabe o que é um currículo e muitos já se viram na situação – um tanto desconfortável para uns, intrigante para outros, e excitante para poucos – de escrevê-lo.
Engraçado é que curriculum vitae – CV – é uma das poucas palavras do mundo profissional que não foi tomada de empréstimo, traduzida ou simplesmente neologizada do inglês ou francês, mas sim tomada de um idioma longínquo no tempo - mas não na cultura, o latim. Curriculum quer dizer uma pista de corrida, um “corredródomo”, um estádio, e consequentemente um percurso, uma série de passos, semelhante às voltas de um carro de fórmula 1 na pista. Curriculum vitae é percurso de vida: o que você, fulano, fez – ou deixou de fazer.
Num exercício de etimologia manezinha, podemos também ver a semelhança entre currículo e “curricar”, que é andar pela vizinhança (ou pescar com o barco em movimento) – talvez procurando trabalho, ou somente um cafezinho e uma conversa solta.
Resumé é a palavra que muitos outros lugares, contudo, utilizam, e aponta para a característica fundamental de um CV: ser resumido. Vamos, então, resumidamente passar ao que interessa: algumas dicas para a redação do seu currículo. Existem vários çaites que fornecem modelos e dicas de como escrevê-lo, e não pretendo fornecer nenhum deles. Leiam o abaixo apenas como o olhar de um provavel selecionador sobre os currículos que chegam.
- Mantenha uma estrutura em tópicos. A maioria dos modelos segue uma estrutura deste tipo. Cabeçalho com dados pessoais, experiência profissional, formação, outras informações, devem ser colocadas em separado e de preferência formatadas como tal. Utilize com vontade novos parágrafos, indentaçoes, listas.
- Não escreva blocos de texto. Mantenha as sentenças curtas, sem muitas orações. Os selecionadores dispõem de não muito tempo, dependendo do cargo em questão, para olhar cada currículo. A leitura é extremamente seletiva e frases longas e complicadas tornam o processo de procura da informação desejada muito mais difícil – e, neste caso, pode ter certeza que seu currículo foi deixado de lado e já passamos para outro. Pense em você mesmo tendo 2 minutos para ler uma receita de bolo, ter de saber quais os ingredientes principais, como fazer, quanto tempo demora e quão difícil é.
- Do mesmo modo, faça com que a maioria das informações principais fiquem na primeira página, se for um currículo impresso. Se for interessante, o selecionador olhara nas outras páginas aquilo que a primeira página pode ter indicado. Se possível, faça com que seu currículo tenha apenas uma página. Não coloque capas, não use muito papel para pouco conteúdo, especialmente se você tem pouco a dizer.
- Personalize o seu currículo em relação à vaga, de preferência. Muitas instituições deixam explicito quais os requisitos e competências desejados para o cargo em questão, e tenha isto em mente ao redigir seu currículo. Não interessa que você tenha feito quatro cursos de capacitamento para salva-vidas se você está se candidatando para artífice de manutenção.
- Respeite o formato, o cronograma e os prazos da instituição. Não entregue atrasado o seu currículo, e não tente fazer com que ele seja aceito depois do prazo. Se a instituição pede que seja feito em tal formato e entregue de tal e tal forma, faça deste jeito. Muitas empresas fazem o processo de recrutamento eletrônico, utilizando a internet. Outras somente aceitam currículos eletrônicos – banco de dados – e algumas só aceitam os currículos feitos eletronicamente para determinada vaga. Preencha de acordo todos os campos pedidos. Nunca tente entregar o currículo pessoalmente para insinuar proximidade com alguém da instituição.
- Fique de olhos nos requisitos. A vaga pede “segundo grau completo” e você não o tem? Não insista. Quanto mais formal o processo seletivo, maior o rigor com que estes detalhes são vistos.
- Não deixe nada subentendido, não sugira nem insinue. Isto dá a impressão de incerteza, de indecisão, ou mesmo de informação falsa.
- No cabeçalho, coloque somente o suficiente para que o selecionador saiba qual o seu nome, de onde você é, a sua idade, e como ele pode entrar em contato com você. Nome do cachorro, tamanho da calça, não interessa. Se seu nome for ambíguo com relação ao sexo, faça com que seu sexo apareça em algum lugar do currículo. Não é necessário colocar um campo “masculino/feminino” no cabeçalho; “fui consultora de...”, “faxineiro”, em algum lugar é o suficiente. Nem idade nem sexo podem, por lei, ser usados para desqualificar uma pessoa maior de idade em um processo seletivo, mas é importante que o selecionador possa ter estes dados em mente.
- Seja sucinto, mas não a ponto de prejudicar o seu currículo. Detalhe aquilo que você considera importante, sempre mantendo-se o mais sucinto possível, em um estilo telegráfico. É comum que, por exemplo, a experiência profissional de auxiliar administrativo tenha envolvido o trabalho de catalogação de documentos segundo as normas da ABNT, ou atendimento telefônico passivo. Se isso for colocado somente como “auxiliar administrativo”, aquilo que pode ser uma experiência procurada pelo selecionador – o atendimento telefônico, por exemplo - pode passar batida. Não caia no outro extremo, porém, de exagerar as suas atribuições, como a mulher que coloca que foi “do lar” durante muitos anos e que tinha experiência com atendimento, já que atendia ao telefone de casa.
- Detalhe o que você fez, como fez e que resultados atingiu, com relação a sua experiência profissional. Isso se torna cada vez mais importante quanto mais tático e estratégico for o cargo.
- Da mesma forma, detalhe a duração, tanto da formação – estudos – quanto da experiência. Não é necessário datas exatas: de uma idéia. “De mês de ano tal a mês de ano tal” está ótimo. Coloque suas experiências e sua formação em ordem cronológica, não importando se decrescente ou crescente (eu pessoalmente prefiro que comece com as mais atuais).
- Não utilize o seu currículo Lattes para candidatar-se a algo que não esteja relacionado com o mundo acadêmico. Sim, a sua produção acadêmica pode ser extremamente interessante e enriquecer uma instituição, mas caso o interesse surja ele pode ser pesquisado depois. Vinte e sete páginas de um Lattes são garantia certa de impaciência na pessoa que esta lendo o seu currículo. Se achar necessário, mencione na sua formação, em poucas palavras, o numero de artigos publicados e a área de pesquisa, preferencialmente relacionando com o cargo pretendido. Não nos interessa saber que você tem dezenas de artigos sobre a coloração das enguias se você está se candidatando para um cargo administrativo.
- Se você não tem experiência profissional, detalhe algo que você já tenha feito, mesmo que não tenha recebido nada por isto, e o que você aprendeu nesta experiência. Pode haver algo valioso, nisto. É importante lembrar, contudo, que quando se pede experiência profissional, é muito difícil que alguém sem ela sequer chegue a receber uma segunda olhada.
- Quer colocar alguma informação pessoal que você ache interessante – seus interesses, seus hobbies, ocupações? Tudo bem, isto é bem legal – mas se e somente se você chamou a atenção, antes, por outros quesitos, e não somente por ou com isto. A sua personalidade e gostos não estão em jogo em um processo seletivo - pelo menos não na análise dos currículos.
- E, o mais básico de todos os conselhos, não minta – ou pelo menos não minta muito. Não tente fazer de você a imagem do que você imagina que alguém está procurando: muitas das vezes as suas expectativas quanto a isto estão muito enganadas.
Um currículo é um cartão de visitas, e como tal deve ser uma apresentação profissional, sucinta e objetiva - pois é isto que ele é, e nada mais. Quanto mais currículos aparecem para determinada vaga, mais focado se torna o olhar do selecionador, e mais voltado para o perfil do cargo e da instituição. Os demais aspectos ficam, então, para a entrevista – e é na entrevista, sim, que as decisões são tomadas, e é lá que você terá mais espaço para mostrar-se. Antes disso, porem, é preciso que o seu currículo seja selecionado de talvez um monte de outros, e você não estará na pilha de folhas de papel.
A entrevista... outros quinhentos.
Engraçado é que curriculum vitae – CV – é uma das poucas palavras do mundo profissional que não foi tomada de empréstimo, traduzida ou simplesmente neologizada do inglês ou francês, mas sim tomada de um idioma longínquo no tempo - mas não na cultura, o latim. Curriculum quer dizer uma pista de corrida, um “corredródomo”, um estádio, e consequentemente um percurso, uma série de passos, semelhante às voltas de um carro de fórmula 1 na pista. Curriculum vitae é percurso de vida: o que você, fulano, fez – ou deixou de fazer.
Num exercício de etimologia manezinha, podemos também ver a semelhança entre currículo e “curricar”, que é andar pela vizinhança (ou pescar com o barco em movimento) – talvez procurando trabalho, ou somente um cafezinho e uma conversa solta.
Resumé é a palavra que muitos outros lugares, contudo, utilizam, e aponta para a característica fundamental de um CV: ser resumido. Vamos, então, resumidamente passar ao que interessa: algumas dicas para a redação do seu currículo. Existem vários çaites que fornecem modelos e dicas de como escrevê-lo, e não pretendo fornecer nenhum deles. Leiam o abaixo apenas como o olhar de um provavel selecionador sobre os currículos que chegam.
- Mantenha uma estrutura em tópicos. A maioria dos modelos segue uma estrutura deste tipo. Cabeçalho com dados pessoais, experiência profissional, formação, outras informações, devem ser colocadas em separado e de preferência formatadas como tal. Utilize com vontade novos parágrafos, indentaçoes, listas.
- Não escreva blocos de texto. Mantenha as sentenças curtas, sem muitas orações. Os selecionadores dispõem de não muito tempo, dependendo do cargo em questão, para olhar cada currículo. A leitura é extremamente seletiva e frases longas e complicadas tornam o processo de procura da informação desejada muito mais difícil – e, neste caso, pode ter certeza que seu currículo foi deixado de lado e já passamos para outro. Pense em você mesmo tendo 2 minutos para ler uma receita de bolo, ter de saber quais os ingredientes principais, como fazer, quanto tempo demora e quão difícil é.
- Do mesmo modo, faça com que a maioria das informações principais fiquem na primeira página, se for um currículo impresso. Se for interessante, o selecionador olhara nas outras páginas aquilo que a primeira página pode ter indicado. Se possível, faça com que seu currículo tenha apenas uma página. Não coloque capas, não use muito papel para pouco conteúdo, especialmente se você tem pouco a dizer.
- Personalize o seu currículo em relação à vaga, de preferência. Muitas instituições deixam explicito quais os requisitos e competências desejados para o cargo em questão, e tenha isto em mente ao redigir seu currículo. Não interessa que você tenha feito quatro cursos de capacitamento para salva-vidas se você está se candidatando para artífice de manutenção.
- Respeite o formato, o cronograma e os prazos da instituição. Não entregue atrasado o seu currículo, e não tente fazer com que ele seja aceito depois do prazo. Se a instituição pede que seja feito em tal formato e entregue de tal e tal forma, faça deste jeito. Muitas empresas fazem o processo de recrutamento eletrônico, utilizando a internet. Outras somente aceitam currículos eletrônicos – banco de dados – e algumas só aceitam os currículos feitos eletronicamente para determinada vaga. Preencha de acordo todos os campos pedidos. Nunca tente entregar o currículo pessoalmente para insinuar proximidade com alguém da instituição.
- Fique de olhos nos requisitos. A vaga pede “segundo grau completo” e você não o tem? Não insista. Quanto mais formal o processo seletivo, maior o rigor com que estes detalhes são vistos.
- Não deixe nada subentendido, não sugira nem insinue. Isto dá a impressão de incerteza, de indecisão, ou mesmo de informação falsa.
- No cabeçalho, coloque somente o suficiente para que o selecionador saiba qual o seu nome, de onde você é, a sua idade, e como ele pode entrar em contato com você. Nome do cachorro, tamanho da calça, não interessa. Se seu nome for ambíguo com relação ao sexo, faça com que seu sexo apareça em algum lugar do currículo. Não é necessário colocar um campo “masculino/feminino” no cabeçalho; “fui consultora de...”, “faxineiro”, em algum lugar é o suficiente. Nem idade nem sexo podem, por lei, ser usados para desqualificar uma pessoa maior de idade em um processo seletivo, mas é importante que o selecionador possa ter estes dados em mente.
- Seja sucinto, mas não a ponto de prejudicar o seu currículo. Detalhe aquilo que você considera importante, sempre mantendo-se o mais sucinto possível, em um estilo telegráfico. É comum que, por exemplo, a experiência profissional de auxiliar administrativo tenha envolvido o trabalho de catalogação de documentos segundo as normas da ABNT, ou atendimento telefônico passivo. Se isso for colocado somente como “auxiliar administrativo”, aquilo que pode ser uma experiência procurada pelo selecionador – o atendimento telefônico, por exemplo - pode passar batida. Não caia no outro extremo, porém, de exagerar as suas atribuições, como a mulher que coloca que foi “do lar” durante muitos anos e que tinha experiência com atendimento, já que atendia ao telefone de casa.
- Detalhe o que você fez, como fez e que resultados atingiu, com relação a sua experiência profissional. Isso se torna cada vez mais importante quanto mais tático e estratégico for o cargo.
- Da mesma forma, detalhe a duração, tanto da formação – estudos – quanto da experiência. Não é necessário datas exatas: de uma idéia. “De mês de ano tal a mês de ano tal” está ótimo. Coloque suas experiências e sua formação em ordem cronológica, não importando se decrescente ou crescente (eu pessoalmente prefiro que comece com as mais atuais).
- Não utilize o seu currículo Lattes para candidatar-se a algo que não esteja relacionado com o mundo acadêmico. Sim, a sua produção acadêmica pode ser extremamente interessante e enriquecer uma instituição, mas caso o interesse surja ele pode ser pesquisado depois. Vinte e sete páginas de um Lattes são garantia certa de impaciência na pessoa que esta lendo o seu currículo. Se achar necessário, mencione na sua formação, em poucas palavras, o numero de artigos publicados e a área de pesquisa, preferencialmente relacionando com o cargo pretendido. Não nos interessa saber que você tem dezenas de artigos sobre a coloração das enguias se você está se candidatando para um cargo administrativo.
- Se você não tem experiência profissional, detalhe algo que você já tenha feito, mesmo que não tenha recebido nada por isto, e o que você aprendeu nesta experiência. Pode haver algo valioso, nisto. É importante lembrar, contudo, que quando se pede experiência profissional, é muito difícil que alguém sem ela sequer chegue a receber uma segunda olhada.
- Quer colocar alguma informação pessoal que você ache interessante – seus interesses, seus hobbies, ocupações? Tudo bem, isto é bem legal – mas se e somente se você chamou a atenção, antes, por outros quesitos, e não somente por ou com isto. A sua personalidade e gostos não estão em jogo em um processo seletivo - pelo menos não na análise dos currículos.
- E, o mais básico de todos os conselhos, não minta – ou pelo menos não minta muito. Não tente fazer de você a imagem do que você imagina que alguém está procurando: muitas das vezes as suas expectativas quanto a isto estão muito enganadas.
Um currículo é um cartão de visitas, e como tal deve ser uma apresentação profissional, sucinta e objetiva - pois é isto que ele é, e nada mais. Quanto mais currículos aparecem para determinada vaga, mais focado se torna o olhar do selecionador, e mais voltado para o perfil do cargo e da instituição. Os demais aspectos ficam, então, para a entrevista – e é na entrevista, sim, que as decisões são tomadas, e é lá que você terá mais espaço para mostrar-se. Antes disso, porem, é preciso que o seu currículo seja selecionado de talvez um monte de outros, e você não estará na pilha de folhas de papel.
A entrevista... outros quinhentos.
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