tirado de cientistasocialnerd.blogspot.com
Estava eu lendo um dos livros mais surpreendentes que li nos últimos tempos - "Sócrates, o feiticeiro", de Nicolas Grimaldi, quando minha "sobrinha" de quatro anos de idade me pergunta o que leio, na pequena brochura que tenho nas mãos.
Eu digo que é uma história. Ele pergunta do que é a história. Eu digo que é uma história de um homem que ia todos os dias para o centro da cidade, e ficava perguntando a todas as pessoas que ele encontrava sobre várias coisas.
"Ele perguntava sobre o quê, Lucas?" Hum, nesta tenho que pensar um pouco. Como vou explicar que ele, Sócrates, ia interrogar sobre certas "virtudes" justamente aquelas pessoas que, de acordo com a opinião geral, as possuíam e delas demonstraram posse - a coragem em um general, a retórica com o melhor dos sofistas?
"Ele perguntava pras pessoas o que era a beleza. Você sabe, Maria?"
"O que é beleza?" (enrolando um pouco a língua)
"É".
"Não sei, Lucas".
Pausa para refletir se tento encetar um diálogo socrático com ela. Decido ser melhor não, e não pelo fato de ela ter quatro anos, mas sim por hesitar não conseguir prosseguir.
"E que outras coisas ele perguntava, Lucas?" ela continua, impávida.
"Sobre a verdade..."
"Ah", ela se remexe feliz na cadeira de balanço, "isso é fácil. Verdade é quando você não fala mentira. Você não sabia, Lucas?"
"Sabia, Maria."
"E ele sabia, Lucas?"
"Ele dizia que não sabia."
"Ele dizia que não sabia mas sabia, Lucas?"
"Não, ele dizia que não sabia mesmo, Maria."
"E ele ia perguntar pras pessoas pra saber, Lucas?"
"Talvez."
"E as pessoas sabiam e diziam pra ele, né Lucas?"
"Ele dizia que ninguém sabia."
"Mas..." pausa, olhando para o infinito, "ele sabia algumas vezes e não sabia outras, né Lucas?"
"Ele dizia que não sabia, Maria."
Trocamos de assunto.
Eu digo que é uma história. Ele pergunta do que é a história. Eu digo que é uma história de um homem que ia todos os dias para o centro da cidade, e ficava perguntando a todas as pessoas que ele encontrava sobre várias coisas.
"Ele perguntava sobre o quê, Lucas?" Hum, nesta tenho que pensar um pouco. Como vou explicar que ele, Sócrates, ia interrogar sobre certas "virtudes" justamente aquelas pessoas que, de acordo com a opinião geral, as possuíam e delas demonstraram posse - a coragem em um general, a retórica com o melhor dos sofistas?
"Ele perguntava pras pessoas o que era a beleza. Você sabe, Maria?"
"O que é beleza?" (enrolando um pouco a língua)
"É".
"Não sei, Lucas".
Pausa para refletir se tento encetar um diálogo socrático com ela. Decido ser melhor não, e não pelo fato de ela ter quatro anos, mas sim por hesitar não conseguir prosseguir.
"E que outras coisas ele perguntava, Lucas?" ela continua, impávida.
"Sobre a verdade..."
"Ah", ela se remexe feliz na cadeira de balanço, "isso é fácil. Verdade é quando você não fala mentira. Você não sabia, Lucas?"
"Sabia, Maria."
"E ele sabia, Lucas?"
"Ele dizia que não sabia."
"Ele dizia que não sabia mas sabia, Lucas?"
"Não, ele dizia que não sabia mesmo, Maria."
"E ele ia perguntar pras pessoas pra saber, Lucas?"
"Talvez."
"E as pessoas sabiam e diziam pra ele, né Lucas?"
"Ele dizia que ninguém sabia."
"Mas..." pausa, olhando para o infinito, "ele sabia algumas vezes e não sabia outras, né Lucas?"
"Ele dizia que não sabia, Maria."
Trocamos de assunto.
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