Totem e Tabu não é, e nunca foi reconhecido, como uma teoria antropológica séria. E eu, pessoalmente, não vejo um porquê para ser. Assim como o Édipo freudiano (do qual Lacan falava que era o "mito do Ocidente"), Totem e Tabu é melhor visto como uma peça imaginativa, um mitologema, uma historinha freudiana - embora talvez sintamos que Freud queria a validez de sua teoria. Whatever.
O que ele nos escreve em Totem e Tabu é o seguinte: a civilização nasce, neste momento "mítico", quando os filhos matam o Pai. O Pai, uma espécie de alpha male "violento e ciumento", tinha todas as mulheres para si. Detinha todo o gozo, lacanamente falando. Era mais forte que cada um dos seus filhos, que expulsava tão logo cresciam. Um dia os filhos reúnem-se ensemble e matam o Pai; canibais que eram, comeram a carne do Pai, de quem tanto invejavam quanto temiam - duas coisas que andam sempre juntas - e "adquirem" parte de sua força. Aí nasce o totem: o animal sagrado que deve ser caçado e comido apenas em um momento específico. Tabu contra incesto e a Lei (entre "iguais") seguem depois. Etc.
Freud retorna um argumento semelhante, e ainda mais interessante, no seu Moisés e o monoteísmo, anos mais tarde, perto da morte. Ele diz que Moisés acabou sendo morto pelos israelitas, e que o judaísmo seria uma espécie de decorrência desta culpa. Vá ler, se quer mais do que as minhas palavras toscas.
Relembro a todos os meus leitores cultos, que certamente leram toda a gesammelte werke freudiana, esta obra singela, para pontuar algo que, cada vez que leio, vejo e escuto mais, mais eu percebo: que os cultos apocalípticos em sua maioria não têm nenhuma criatividade intrínseca, pois repetem todos o tema da horda primeva, sem o assassinato.
O guru, o apóstolo, o mestre, o filho de D'us, é sempre um homem que consegue pegar todas as mulheres, restringindo aos demais homens o acesso a elas. Praticamente sempre. Mesmo se um culto desses não suprime a sexualidade - e a maioria o fazem - o mestre ascenso ou afins encontra uma maneira de convencer a todo(a)s que, além de acreditar em suas alucinações e devaneios evidentes, há de se dormir com ele. E nada de laços fortes familiares no grupo.
É uma coisa engraçada. Eu, se um dia tiver um culto, vou inventar outra história. Mas daí talvez não funcione.
A título de vizualização, um documentário recente sobre um culto norte-americano. (Há uma espécie de resumo do documentário, procurem nos linques e talvez achem.)
O que ele nos escreve em Totem e Tabu é o seguinte: a civilização nasce, neste momento "mítico", quando os filhos matam o Pai. O Pai, uma espécie de alpha male "violento e ciumento", tinha todas as mulheres para si. Detinha todo o gozo, lacanamente falando. Era mais forte que cada um dos seus filhos, que expulsava tão logo cresciam. Um dia os filhos reúnem-se ensemble e matam o Pai; canibais que eram, comeram a carne do Pai, de quem tanto invejavam quanto temiam - duas coisas que andam sempre juntas - e "adquirem" parte de sua força. Aí nasce o totem: o animal sagrado que deve ser caçado e comido apenas em um momento específico. Tabu contra incesto e a Lei (entre "iguais") seguem depois. Etc.
Freud retorna um argumento semelhante, e ainda mais interessante, no seu Moisés e o monoteísmo, anos mais tarde, perto da morte. Ele diz que Moisés acabou sendo morto pelos israelitas, e que o judaísmo seria uma espécie de decorrência desta culpa. Vá ler, se quer mais do que as minhas palavras toscas.
Relembro a todos os meus leitores cultos, que certamente leram toda a gesammelte werke freudiana, esta obra singela, para pontuar algo que, cada vez que leio, vejo e escuto mais, mais eu percebo: que os cultos apocalípticos em sua maioria não têm nenhuma criatividade intrínseca, pois repetem todos o tema da horda primeva, sem o assassinato.
O guru, o apóstolo, o mestre, o filho de D'us, é sempre um homem que consegue pegar todas as mulheres, restringindo aos demais homens o acesso a elas. Praticamente sempre. Mesmo se um culto desses não suprime a sexualidade - e a maioria o fazem - o mestre ascenso ou afins encontra uma maneira de convencer a todo(a)s que, além de acreditar em suas alucinações e devaneios evidentes, há de se dormir com ele. E nada de laços fortes familiares no grupo.
É uma coisa engraçada. Eu, se um dia tiver um culto, vou inventar outra história. Mas daí talvez não funcione.
A título de vizualização, um documentário recente sobre um culto norte-americano. (Há uma espécie de resumo do documentário, procurem nos linques e talvez achem.)
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