Eu procurava por uma frase específica, que volteava pelo espaço aberto de minha mente, fresca e úmida como terra nova, como a noite de segunda. Era uma frase conhecida, que eu pensava ser de algum dos grandes padres cristãos, ou de Cristo ele mesmo. A frase é a seguinte:
"Meu Deus, dá-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar o que está ao meu alcance e sabedoria para que eu saiba a diferença entre ambas."
Que, fico sabendo, é usada pelo AA (e talvez pelos Narcóticos Anônimos também), com o nome de "oração da serenidade". É uma frase realmente muito bonita. Talvez ela aponte mais para incertezas do que para certezas: talvez nunca possamos saber, realmente, a diferença. Mas se colocar neste lugar já é o melhor começo, e muitas vezes o melhor começo é meio caminho andado - a gente anda, muitas vezes, sem o saber. Eu me perguntava recentemente, afinal, quando é que "se desiste" e quando é que não...
É a minha grande pergunta, atualmente. Quando é o movimento, e quando é a pausa?
A frase, porém, é de um teólogo americano que viveu no século XX, Reinhold Niebuhr. A internet, o grande celeiro da sabedoria incompleta em forma escrita, me dá mais um pouco dele. É teologia, então não é fácil "leitura", mas aqui vai dois trechinhos (a tradução é minha):
"Meu Deus, dá-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar o que está ao meu alcance e sabedoria para que eu saiba a diferença entre ambas."
Que, fico sabendo, é usada pelo AA (e talvez pelos Narcóticos Anônimos também), com o nome de "oração da serenidade". É uma frase realmente muito bonita. Talvez ela aponte mais para incertezas do que para certezas: talvez nunca possamos saber, realmente, a diferença. Mas se colocar neste lugar já é o melhor começo, e muitas vezes o melhor começo é meio caminho andado - a gente anda, muitas vezes, sem o saber. Eu me perguntava recentemente, afinal, quando é que "se desiste" e quando é que não...
É a minha grande pergunta, atualmente. Quando é o movimento, e quando é a pausa?
A frase, porém, é de um teólogo americano que viveu no século XX, Reinhold Niebuhr. A internet, o grande celeiro da sabedoria incompleta em forma escrita, me dá mais um pouco dele. É teologia, então não é fácil "leitura", mas aqui vai dois trechinhos (a tradução é minha):
Human nature is, in short, a realm of infinite possibilities of good and evil because of the character of human freedom. The love that is the law of its nature is a boundless self-giving. The sin that corrupts its life is a boundless assertion of the self. Between these two forces all kinds of ad hoc restraints may be elaborated and defined. We may call this natural law [or divine law]. But we had better realize how very tentative it is. Otherwise we shall merely sanction some traditional relation between myself and my fellow man as a "just" relation, and quiet the voice of conscience which speaks to me of higher possibilities. What is more, we may stabilize sin and make it institutional....
A natureza humana é, em suma, um reino de infinitas possibilidades de bem e mal, por causa de seu caráter de liberdade humana. O amor, que é a lei de sua natureza, é uma doação, sem fronteiras, de self. O pecado que corrompe a sua vida é uma asserção sem fronteiras do self. Entre estas duas forças todos os tipos de restrições podem ser elaboradas e definidas. Podemos chamar isto de lei natural [ou lei divina]. Mas é melhor compreendermos o quão temporário isto é. De outra forma, nós meramente sancionaríamos alguma relação tradicional entre mim mesmo e os meus companheiros humanos como uma relação "justa", e aquietaríamos a voz da consciência que me fala de possibilidades mais amplas. Mais ainda, podemos estabilizar o pecado e o tornar institucional...
Politics always aims at some kind of a harmony or balance of interest, and such a harmony cannot be regarded as directly related to the final harmony of love of the Kingdom of God. All men are naturally inclined to obscure the morally ambiguous element in their political cause by investing it with religious sanctity. This is why religion is more frequently a source of confusion than of light in the political realm. The tendency to equate our political with our Christian convictions causes politics to generate idolatry.
Política sempre almeja algum tipo de harmonia ou equilíbrio de interesses, e tal harmonia não pode ser considerada como diretamente relacionada à harmonia final de amor do Reino de Deus. Todos os homens são naturalmente propensos a obscurecer o elemento moralmente ambíguo em sua causa política, investindo-o com santidade religiosa. Isto é como a religião é mais frequentemente uma fonte de confusão do que de esclarecimento no reino político. A tendência de igualar as nossas convicções políticas com nossas convicções cristãs faz com que a política gere idolatria.
Theology, February, 1940, in Love and Justice, p. 54.
A natureza humana é, em suma, um reino de infinitas possibilidades de bem e mal, por causa de seu caráter de liberdade humana. O amor, que é a lei de sua natureza, é uma doação, sem fronteiras, de self. O pecado que corrompe a sua vida é uma asserção sem fronteiras do self. Entre estas duas forças todos os tipos de restrições podem ser elaboradas e definidas. Podemos chamar isto de lei natural [ou lei divina]. Mas é melhor compreendermos o quão temporário isto é. De outra forma, nós meramente sancionaríamos alguma relação tradicional entre mim mesmo e os meus companheiros humanos como uma relação "justa", e aquietaríamos a voz da consciência que me fala de possibilidades mais amplas. Mais ainda, podemos estabilizar o pecado e o tornar institucional...
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Politics always aims at some kind of a harmony or balance of interest, and such a harmony cannot be regarded as directly related to the final harmony of love of the Kingdom of God. All men are naturally inclined to obscure the morally ambiguous element in their political cause by investing it with religious sanctity. This is why religion is more frequently a source of confusion than of light in the political realm. The tendency to equate our political with our Christian convictions causes politics to generate idolatry.
Christianity and Crisis, July 21, 1952, in Love and Justice, p. 59.
Política sempre almeja algum tipo de harmonia ou equilíbrio de interesses, e tal harmonia não pode ser considerada como diretamente relacionada à harmonia final de amor do Reino de Deus. Todos os homens são naturalmente propensos a obscurecer o elemento moralmente ambíguo em sua causa política, investindo-o com santidade religiosa. Isto é como a religião é mais frequentemente uma fonte de confusão do que de esclarecimento no reino político. A tendência de igualar as nossas convicções políticas com nossas convicções cristãs faz com que a política gere idolatria.
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