O pessoal do copirraite vai ter de me perdoar, mais uma vez. Mas a minha vontade de partilhar algo que não é meu vai além do meu ressabio.
Na verdade, eu duvido muito que tenha algum problema com o "pessoal do copirraite", este meu pequeno espaço virtual que meia dúzia de belos gatos pingados visitam, esperando pelo quê? ninguém sabe.
Mas este livro, que eu li de uma sentada de seis horas interrompida pela polenta com frango e quiabo - dos quais comi cuidadosamente só o quiabo, eita prato gostoso, Noss'Sora - me fez ter sonhos, sonhos que agitaram o copo da minha vida água com areia.
E que eu o li outra vez, alguém acredita? Mas o li com apenas 18 anos, e como parecem poucos os 18 anos... com 23 o leio de novo, e quedo-me hipnotizado. Neste ritmo, me dá cosquinha saber o que eu vou achar dos livros - e das músicas, e dos enfins - com o passar do tempo. Espero que o prognóstico para mim seja mais ou menos como o dos vinhos: refina com a idade. Afinal, eu também sou organoléptico.
Uso refina porque dizem "melhora". Mas melhora em que sentido? Pros apreciadores, somente. Enfim, quem me conhecer até este dia vai ter o prazer ou desprazer de poder saber - e quem sabe poder zombar da minha cara. Até lá, salve a juventude e as cosquinhas.
Mas então, este trecho, que eu fiz o grande favor de, quebrando as leis de copirraite, disponibilizar em uma bela página online, com o meu template inconfundível, é o seguinte imediato ao trecho que, quebrando as leis enfimenfimenfim, eu coloquei no meu post passado.
"....que nascera de seu sonho, que não era de lugar nenhum."
"Mas ela lhe diz, com amargura, que ele deve ficar onde se sente feliz, e faz aqueles gestos incoerentes que sempre o irritaram, que sempre achara desagradáveis. Segura suas mãos nervosas, apertando-as contra as dele para acalmá-la."
A questão das mãos, neste trecho, é tocante. O livro descreve, em várias cenas, como Tomas segura as pontas da mão de Tereza, sempre que esta as tem tremendo. As várias cenas fazem, então, um thread, um colar, compartilhando isto: os medos e as raivas de Tereza, as suas mãos tremendo. É um gesto poderoso.
A questão da cesta, remete à cesta em que veio Moisés, vista em outra parte. O tema do "es muss sein!" também não veio do nada.
E o trecho todo é mais tocante quando se acompanhou os dois até este momento. Sei que é desnecessário dizer, mas tomem-me então como o amigo bêbado que diz as coisas mais desnecessárias, sempre - as que todo mundo já sabe. As várias "amigas sexuais" de Tomas, de como Tereza sabia delas...
Então, paro por aqui antes que comece a passar o livro por inteiro.
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Eu dedico este texto a todos os amantes de faunos.
1 comentários:
Claro que você já deve ter visto o filme. Se por algum acaso não viu, faça isso. É muito bom também.
Quando eu crescer quero ter a capacidade de análise e "maravilhamento" que você tem.
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