(quarta-feira, 12 de maio de 2004)
Iesu, como é bom pilotar uma motinha!
Tinha até me esquecido de como é
realmente bom pilotar uma motinha... faz muito tempo desde que eu parei de usá-la todos os dias, e tanto que ela ficou uns dois meses longe de mim, depois de uma pequena multa que ganhei em mais uma das minhas paixões desenfreadas (e todas muito boas,
célavi). Ela retornou, certo, mas retornou só pra ficar lá naquela garagem fria e solitária.
Eu realmente não sei amar.
Andar de moto traz de volta algum tipo de sensação primal de montar um cavalo, galopar, estar em cima de algo em movimento, um tanto desprotegido; uma massa compacta e sutil de maquinário e homem, esta fusão de formas, e balançar-se de um lado para outro nas curvas, sentir o vento entrando pelas frestas do capacete, os lábios secando...
Moto me lembra muito meu sensei Ápio, Ápio Ricci, que agora anda lá pelos idos de Sampa, morando no
dojo de lá. Ele, que é um figurão fantástico, pessoa digna de se conhecer, e as suas motos, primeiro uma que nem lembro qual é, uma moto verde e larga; e depois a simplezinha da Honda. Um motoqueiro de primeira: nunca me esqueço de uma cena em que, eu andando por uma das rótulas da Trindade, e lá me passa o Ápio e a namorada na verdinha, fazendo uma curva suave como um vôo de pássaro, inclinada como uma pena passando rápido no papel, passando rasante frente a um ônibus apressado, e ele olha pra mim e dá uma buzinada. Se há aikido, aikido foi aquele momento. O bicho tem um equilíbrio...
Andar de moto me rejuvenesce. Lembro de uma vez, na época de outra paixão, em que peguei a moto de madrugada e me mandei pro Campeche. Ah, que coisa linda... e só pra me sentir mais pertinho, do lado daquele mar escuro e profundo.
Do vosso continuamente,
E.
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