Que vergonha. Que vergonha.
Todos que me conhecem ou que me lêem por algum tempo passado sabem do meu variado gosto musical. Sabem do quanto eu me derreto com as interpretações divinas da Vaughan; o quanto meu coração portenho bate por uma Buenitos que não existe com Piazzolla, o quanto Mozart me comove, ou Bach me eleva às alturas.
E todos sabem da minha paixão, por assim dizer, pela museletro. E do como a minha nuca ainda se arrepia com o som do trance, do psy.
Durante muito tempo, eu curti muito o trance. Parei um pouco, no meu eterno questionamento das coisas que eu faço. Volta e meia escutava um Astrix da vida, umas das antigas do GMS, um Man with no Name, fechando com 1200 micrograms. E um pouco do Infected Mushroom, também. Mas confesso a vocês que este tipo de música, apesar de me atrair, não me chamava tanto mais assim.
Foi quando eu fui pro eletro, mas daí é uma outra história.
O principal motivo de largar um pouco o trance? Ele me cansa. Muito puxado, até mesmo para os meus ouvidos. Têm alguns que são, dá pra se ver muito bem, exclusivos de uma rave - e só numa rave mesmo pra aguentar uma coisa tão
full power.
Sempre gostei um pouco do Infected, sempre. Mas, preferia outros. Não achava as suas músicas tão boas assim.
E hoje, para a minha vergonha, resolvi dar um tempo das três deles - são uma dupla israelense - que eram o meu
default, o que eu escutava sempre.
Agora, humildemente, jogo cinzas por cima de mim, e rasgo as minhas vestes, em um gesto de perdão.
Pois que eu reescutei, com assombro e admiração, os dois últimos álbuns:
Converting Vegetarians e
IM the SuperVisor. Com assombro e admiração eu escutei o quanto os caras são bons; com assombro e admiração eu decidi, depois de ficar indiferente frente aos pedidos de pessoas próximas, vê-los em sua
próxima passagem por aqui.
O último,
IM the SuperVisor, é simplesmente incrível (o
C.V. é meio bobinho). Não vou falar muito dele, obviamente, pois depois muitos virão pra cima de mim, falando que "nem é tão bom assim". Claro, né nega, se procuras samba sabes que não é disso que eu tou falando aqui. Mas, se é pra dizer uma coisa, eu digo: não, é o paraíso na terra; não, não é respirar fundo e ver o sol nascendo dourado e sentir amor por todas as coisas vivas e não-vivas e aquelas cujo status vivente ainda não se sabe, mas não importa; não, não são 188 bpm que vão te explodir e te fazer renascer num dos lokas hindus de flores gigantes e vacas gordas,
mas eles sabem o que fazem. Não se deixem enganar pela aparente simplicidade da música. Observem as linhas melódicas. Divirtam-se, ao menos, com a música título, que é engraçadinha.
Além da rave; além da pista de dança. Entre os dois, e além. Divirtam-se - e dêem um novo sentido para diversão, por favor.
Pois precisamos.
(Ah, o trio default era Cities of the Future, IM the SuperVisor e I Wish, esta do C.V.)