terça-feira, 30 de setembro de 2008

Minha Mente Mecânica

Eu fico acima de 99 porcento das pessoas em um teste. Um teste de raciocínio mecânico. Pasmem. No teste de raciocínio verbal, eu que acreditava ter uma mente feminina à beça, fico na média levemente superiora, acima de 64 porcento das pessoas.

Claro que eu discordei do teste de raciocínio verbal. Como eles querem uma única alternativa para algo que poderia ter mais de uma interpretação? Tsc. Acho que a minha mente é mais feminina do que qualquer teste jamais possa verificar.

***

Uma idéia de intervenção artística, para aqueles que a queiram roubar (alguém há de querer).

Poemas ou pedaços de prosa ou letras de música seriam sentidos na pele, através de uma tecnologia que posso imaginar (mas tenho preguiça de descrever), transcritos para o alfabeto fonológico da Internacional de Fonologia - aquelas maravilhosas letrinhas, muitas vezes esquisitas, que pode encontrar-se dos lados das palavras em muitos dicionários.

Não se esqueça de fornecer opções vegetarianas na vernissage.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Trabalheira

Eu vou chorar, eu vou resmungar, eu vou morder, eu vou morrer, mas eu acho que não conseguirei ser um escritor mediano do jeito que as coisas vão.

Sabem? Eu tenho medo de tudo, praticamente. Estou tendo. Qualquer coisinha me dá um calafriozinho esquisito dorsal nos braços e no peito, um nhéc-nhéc esquisito que tem a ver com agarrar, com pegar, com sangue nas mãos. Os macacaquinhos têm aquele reflexo de agarrar nos pêlos das mães, pois não? Pois sim, acho que macaquinho também. Embora sonhe em não ter que fazer mais nada do que escrever - e escrever é um pouco além de sentar na frente de um teclado e digitar, com ou sem caneca de café, depende da modalidade de culpa química no momento - eu me preocupo em ser o Lucas Silva e Silva. Em vez de o ser, porém, efetivamente e realmente.

Sendo-o, quem sabe nada disso levantaria poeira. Acho que transformarei em minha tese pessoal: nada quando acontece é pior do que parece. Tenho esta necessidade de provar isto para mim mesmo, de a à z.

Minha tese, porém, se refletirmos um pouquinho que seja nela, vai pelos dois caminhos. Tem o que acontece e parece pior antes, e tem o que acontece e realmente é muito pior do que quando você imaginava.

Então... estamos todos de acordo que no fim eu vou ter que catalogar todas as coisas que aconteceram, acontecem ou acontecerão, de acordo com os dois critérios acima? Isso sim é que é uma trabalheira. Quem precisa ser escritor com tamanho trabalho pela frente?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Algumas palavras

Confesso: fui um idiota até o presente momento.

Como passei grande parte dos meus anos de consciência sem me angustiar tanto, sem perder a esperança, sem sentir esta vontade de morte que me tomou recentemente? Uma resposta seca: pensando que muitas das coisas que aconteciam com os outros não aconteceriam comigo.

Sempre tive esta confiança arraigada, embora sutil, de que as coisas "ruins" aconteciam com as pessoas por uma espécie de erro subjetivo. Todas as moléstias que afligem-nos cotidianamente, depressões, loucuras, paixões, todas eram vistas por mim como uma coisa facilmente remediável. Não posso dizer como, exatamente. Talvez tenha vergonha de dizê-lo. As pessoas "de boa" não teriam estes problemas. Seriam desequilíbrios, ou qualquer coisa do tipo. Em termos "naturais", tais coisas eram exceções, exageros.

Talvez possa ser assim. Como saber?

Mas eu sabia que certas coisas não poderiam acontecer comigo. Era sempre coisas que aconteciam com os outros, e não aconteceriam comigo. Isso dá uma espécie de tranquilidade, não? Nada mais tranquilizador de que tomar esta posição imparcial, um tanto de fora, de onde se pode olhar e simplesmente constatar.

E ir correr na Beiramar.

Até que alguma coisa abalou esta certeza subjetiva, esta certa imortalidade do meu eu. E passei, como de praxe, para o lado contrário.

Um dos antigos estóicos dizia: eu sou humano e nada do que é humano me é estranho. Quando algo acontecer a mim, quando for preso, quando estiver sofrendo as dores de algo, não posso dizer que era uma surpresa.

Queria ser um estóico, ao menos por uns momentos.

Pois agora sinto este excesso de humanidade. Tudo o que acontece com os outros pode acontecer comigo. Algumas coisas acontecerão de certeza, outras são probabilidades. Mas, de modo potencial, tudo pode acontecer, e de certo modo tudo já aconteceu.

Depois do suicídio do meu amigo, recente, numa conversa com um amigo eu dizia não ter mais certeza de que "as coisas acabam com a morte". Deve ter soado uma declaração um tanto esotérica. Mas, de certo modo, parece-me um tanto assim. Todas as vidas humanas passam por aqui. Algo acaba.

Existe um assassino, um estuprador, um ladrão, em mim. Modo de dizer. Todas estas coisas estão em mim. Poderia ser. Não queria colocar um peso moral nisto, mas é terrificante perceber que talvez não dá mais pra distanciar-se tanto das coisas que olhamos e que nos arrepiam de pavor. As coisas que preferiríamos deixar do lado de fora de casa, e nos proteger com unhas e dentes.

Pois, de certo modo, eu talvez tivesse um pouco de razão: em termos naturais todas as paixões e loucuras e ideais sejam uma desnaturalidade. Um desequilíbrio. Mas afinal, onde é senão com a "morte", com a entropia, que um equilíbrio seria atingido?

Blindness

And oh, I forgot to tell you.

Vi "Blindness" ontem de noite. "Ensaio sobre a cegueira", um dos títulos mais curiosos, ao meu ver. Um livro que mergulha fundo em questões humanas, beirando o escatológico, ser chamado de "ensaio" - um ensaio sempre reserva uma distância intelectual - é uma pitada de sarcasmo.

Pensem em um livro de temática semelhante, como "O Senhor das Moscas", do Golding.

Li o "Ensaio" com mais ou menos 16, 17 anos. Um dos livros mais marcantes. Escrevi dezenas de páginas depois dele. Fui tomado por ele. Emprestei-o para alguém e ele sumiu. Saramago, que recentemente começou a escrever em um blog, com seu estilo cursivo e contínuo que me cativa e me marca, produz uma obra prima não em sua criatividade, mas em sua veemência.

Assistam ao filme e conversemos depois.

Where ignorance is bliss,

'tis folly to be wise.

Pequeno refrão, se não me engano tomado dos poetas transcendentalistas ingleses circa 1700. Preguiça de googlear, e para quê?

A questão: ignorância pode ser fonte de tranquilidade, de felicidade. Saber é cruel. É uma tolice querer saber. Então.

Pergunta em aberto. Importante para mim, pois até o momento tenho escolhido ir pelo caminho do saber. Saber não no sentido de um conhecimento filosófico ou científico, mas uma verdade, para se dizer assim, de mim mesmo. O que tem se mostrado, ultimamente, uma merda.

A vontade que tenho é de virar camponês, esquecer tudo, fortalecer os músculos, passar um pouco de fome, preocupar-me com coisas mais concretas; coisas mais triviais, do meu ponto de vista, pois elas estão praticamente dadas, pelo momento.

Em termos figurativos, ir morar em um kibutz e pronto. Uma coisa assim que poderia ser salutar.

Mas então, este sentimento de, kibutzeando ou não, as coisas acabariam me perseguindo, este saber encontraria um meio de aparecer novamente e ficar me perguntando? Por que isto?

"Então, Lucas", enquanto eu escavo um pouco de terra seca para enxertar alguns pezinhos de raiz-forte, "será que você esqueceu de mim?", pergunta a pergunta. E eu vou dormir com esta coisa enxertada em mim.

Isto acontece. Em retiros e tal. Sou sempre o último a dormir. Começo a imaginar que certas perguntas continuam pressionando até encontrar uma resposta satisfatória - ou então até a desconstrução da pergunta.

Mas enfim. Quem disse que isto é somente um mal? Ninguém. Mas tem um certo precinho a ser pago, uma espécie de mal-estar que a maioria dos meios que possuo pode somente aliviar um pouquinho. Sejam cigarros ou remédios ou conversas.

sábado, 13 de setembro de 2008

Mais uma do Orwell

Down and Out in Paris and London, um livro magnífico que li de uma sentada na tela do computador (sim, é cansativo).

Para você, caro jovem classe média, com medo da vida e da pobreza, não tema mais! Orwell, em uma andança juvenil, passa fome em Paris, antes de trabalhar como plongeur, e vira vagabundo em Londres, com direito a uma abortada invectiva homossexual.

Bem, passar fome e virar vagabundo - de uma maneira digna, para se dizer assim - é uma experiência que facilmente pode ser fonte de uma história, sem muitos segredos. O mesmo vale para Orwell. O livro é bem escrito, com detalhes interessantes e um estilo de narrativa que antecipa, em parte, 1984.

Uma das coisas que mais me chama a atenção, sendo eu mesmo um jovem classe média que tem medo da vida e da pobreza, é esta tal de resiliência, esta capacidade de suportar situações extremas. Os medos antecipados são sempre piores do que a situação em si. Um exemplo? Imagine-se sendo atropelado por um carro. Horrível, não? Deve ser pavoroso e dolorido. Pois bem, na minha experiência não o foi exatamente assim. O pavor vem somente depois, assim como a dor.

É com uma advertência semelhante que Orwell começa sua obra: quando o cinto aperta, não é o medo e a preocupação excessivas que batem à porta.

É ou não é ou não é? É!!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Orwell Diaries

O diário de George Orwell - escrito entre 1938 e 1942 - será publicado em "tempo (i)real". Exatamente 70 anos depois.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

How soon is too soon?


Not soon enough. Laboratory tests over the last few years have proven that babies who start drinking soda during that early formative period have a much higher chance of gaining acceptance and "fitting in" during those awkward pre-teen and teen years. So, do yourself a favor. Do your child a favor. Start them on a stric regimen of sodas and other sugary carbonated beverages right now, for a lifetime of guaranteed happiness.

O mais cedo possível. Nos últimos anos, testes de laboratório têm demonstrado que bebês que começam a beber refrigerantes durante o período inicial de formação têm uma chance maior de serem aceitos e se "encaixarem", nos complicados anos da adolescência, e antes. Então, faça um favor a si mesma. Faça um favor ao seu filho. Coloque-os em uma dieta estrita de refrigerantes e outras bebidas gasosas doces agora mesmo, para uma vida de felicidade garantida.


(não garanto a veracidade...)

O RLY?


Finally, in what seemed to me a startling detour, she [Madonna] asked whether I believed in death. I answered somewhat bleakly that I did. When I turned the question back on her, she announced that she didn’t because she believed in the concept of reincarnation as taught by the Kabbalah Center. “The thought of eternal life appeals to me,” she told me, as though she were trying on a new outfit in front of a mirror. “I don’t think people’s energy just disappears.” I wasn’t sure what she meant by this — whether Madonna believed in a concrete form of reincarnation whereby she would return to earth as herself, all blond ambition and strenuously toned body, or in the more abstract concept of gilgul neshamot. But it made eminent sense that her link to the center would be based on something more than an altruistic vision of egoless self-betterment and earthly bliss, which is the message she conveys in her statements and songs. When I asked her why she hadn’t stuck with Catholicism, which incorporates belief in an afterlife, she snapped in reply: “There’s nothing consoling about being Catholic. They’re all just laws and prohibitions. They don’t help me negotiate the world.”

http://www.nytimes.com/2008/04/13/magazine/13kabbalah-t.html?scp=8&sq=&st=nyt