domingo, 25 de março de 2007

Continue a história

Na noite do pepino, todas as mulheres solteiras de uma pequena cidade...

quinta-feira, 22 de março de 2007

Mudanças

Vitor voltou da Alemanha, onde estagiou durante um ano no departamento de demos executáveis - será que escrevi certo? - de uma das maiores empresas de software do mundo, a SAP. Passa seis meses no Brasil - volta depois para lá, para mestrar. Ele relata a suas "impressões" sobre cá-esta-terra em seu novo blog, escrito em inglês para os seus colegas do velho continente.

Vamos dar oi pro Vitor, galera! Oi, Vitor!

Bem-vindo de volta, meu querido!

O caríssimo Robizito vai ser casar. Será? Que coisa linda.

Se caminhares pela praça Roosevelt - Sampa - numa noite de semana e encontrares um carinha moreno, de grandes olhos e queixo mal-escanhoado, pergunte se o nome dele é Willian. Nas noites de deprê ele se manda para lá com um caderninho de "aspiral" - que arrepio que eu tenho quando escuto alguém dizer isto - e escreve, enquanto vê o povo da cena cênica paulista. Abra a Playboy deste próximo mês, abril, mês do meu aniversário, e procure por uma matéria sobre cachaça: é dele. Procure outra sobre hambúrgueres, e esta é do Bruno, que lá está também - só que nos dias de deprê ele se manda pra FNAC.

Adri(ano) agora é mestre - em psicologia, pela UFSC. Não consigo evitar a tentação de toda vez que o vejo o chamar de mestre. Todos que o viram nestes dois anos passados sabem o quanto este lindo exemplar neurótico deixou de ter vida pessoal, dedicando-se à sua pesquisa. Alguém lhe dê uma reatulizada sobre as futilidades humanas, por favor! Parabéns, meu caro Adri.

Meu pai cortou a perna com uma serra-elétrica estes dias, na região do joelho. Fui para a casa dele, visitá-lo, pensando que o encontraria de repouso na cama; ledo engano. Lá estava ele com a perna dura como uma pedra, no balcão do seu restaurante, andando pra lá e pra cá, serelepe.

Minha mãe pensa em fechar a farmácia; depois disso ela vai passear pela casa dos meus avós. Quem sabe ela não volta a estudar?

Flávio Joshin pensa em abrir uma academia de yoga com o irmão.

O que a Débora está fazendo eu não conto, pois este é um blog de família.

Minha irmã está com 20 anos e eu me surpreendo por ela ser uma mulher.

Eu vou começar estágio em psicanálise com o Sérgio, meu analista.

Mudanças, mudanças. Às vezes eu gostaria que parasse um pouco, mas na verdade eu sei que não pára, e só assusta muito quando quem não quer mudar é você mesmo. Os últimos dias foram assustadores, mas coisas novas vão aparecendo, e é um engano pensar que nada disso me toca. Por quantas coisas eu chorei, por desamparo, por desespero? Como é bom poder respirar, depois de ter de segurar o fôlego durante mais do que confortável.

Eu falo pra todos que eu tenho uma relação sui generis com os livros: eles me visitam nas horas em que costumam fazer mais sentido (claro que isto pode ser uma ilusão cognitiva proporcianada pelas vezes em que leio livros e sou profundamente tocado por eles, destacadas das vezes em que os leio e isso não acontece, mas não quero deixar a mágica se perder assim tão fácil não...) O que dizer do primeiro capítulo de A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector? Ou mesmo, eu me lembro bem de ontem, indo pro João Paulo, um bairro aqui de Florianópolis, no ônibus, abro o livro e encontro a dedicatória:

A POSSÍVEIS LEITORES

Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada. Aquelas que sabem que a aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente - atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar. Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira de ninguém. A mim, por exemplo, o personagem G.H. foi dando pouco a pouco uma alegria difícil; mas chama-se alegria. C.L.

É um tanto natural e fácil amar aquilo que se é semelhante. Amar a diferença, que dificuldade!

Amar a dificuldade, que diferença!

terça-feira, 20 de março de 2007

De volta...


Marido e mulher dormem na mesma cama, mas não sonham os mesmos sonhos.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Ah, que delícia de ilha...


Praia Mole, perto da entrada para a trilha da Galheta, esta terça-feira passada.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Baudrillard est mort

Jean Baudrillard morreu, aos 77 anos, em Paris.

Eu tenho esta louca impressão de que a intelectualidade não morre. Como pode, não? Políticos morrem, donas de casa morrem, mas a intelectualidade não morre.

Então fico chocado quando alguém diz que Baudrillard morreu. Escuta, alguém pode me dizer se o Derrida ainda está vivo? E o Chomsky?

É como se um intelectual fosse somente as idéias dele. Neste sentido, a intelectualidade não morre, mesmo - enquanto nos dispusermos a não queimar livros em fogueiras na praça XV de Novembro.

De la séduction - do qual esqueci o título exato em português - é uma gracinha. Uma gracinha.

terça-feira, 6 de março de 2007

Bagdad Café


Uma recomendação do tio Lucas.

Sim, eu sei que recomendo muitas coisas, e muitas vezes é só para agitar o copo. Para atiçar discussões. Para ver o choque estampado no rosto, e rir internamente.

Mas esta aqui é uma recomendação sincera. Esta vem da parte de mim que é humana, que quer somente ser feliz, que sabe que não pode ser sempre, que chora com isto e vai na locadora e vê um filme como Bagdad Café e se emociona com ele. É da parte de mim que chega em casa e depõe a máscara cotidiana sobre o lençol amarfanhado da cama.

É uma recomendação feita com as entranhas. Coração é entranha; intestino é entranha.

(parte da produção de serotonina é no intestino)

O filme é uma pequena pérola. Se você procura por um blockbuster, ou por um roteiro extraordinário com um final surpreendente, ou por uma dissecação completa de um dos caracteres, ou por uma crítica altamente complexa e sutil sobre qualquer assunto em voga, esqueça que este filme existe. Não, eu nunca falei em Bagdad Café. Eu falei em Bagdad Café? Não, não falei no filme Bagdad Café.

Como eu disse, o filme é uma pequena pérola. Não tem nada de grande pérola. Mas é por ser pequena assim que é grande.

Assista-o despretenciosamente. Se não gostar, poupe o mundo - e os seus parceiros e familiares - das suas críticas. Vá fazer amor. Vá fazer pão.

Eu não o vi recentemente: faz muito tempo que o vi, mais de um ano. Mas é que hoje, voltando pra casa da praia, uma música sai do mais profundo rincão da minha coisice mental: "Áaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai am cóóóóóóóóóóóólin iúúúúúúúú". "Calling you", de Jevetta Steele. A música realmente colou.

*****

Agora, se você quer criticar, discutir teoria pós-moderna ou psicanálise ou quer somente cuspir na cara de alguém imaginário, aqui vai o filme para você, companheiro. The piano teacher. A música, de altíssima qualidade: Schubert & Parceiros. A língua? Francesa. O lugar? Áustria. Tem perversão, sexo, fetiches e garotões parrudos.

E é um ótimo filme também. Ótimo. Dá, tranquilamente, três rodadas de chopes no seu bar cult das proximidades.

*****

E agora eu vou ver Magnolia pela quarta vez. Com licença.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Muito além da diversão

Uma longa história que felizmente continua, depois de engatinhar durante anos, pausada por contigências históricas muito atuais. Estou surpreso e feliz por ter encontrando, através desta página, o seguinte estudo noticiado por três dos maiores tablóides americanos.

Griffiths, R.R., Richards, W.A., McCann, U., & Jesse, R. (2006). Psilocybin can occasion mystical experiences having substantial and sustained personal meaning and spiritual significance. Psychopharmacology, 187, 268-283.

Psilocibina, para os desinformados, é uma das substâncias "alucinógenas" presentes nos cogumelos "alucinógenos" (detesto esta palavra). Existem duas substâncias "alucinógenas" presentes nestes fungos, a psilocibina e a psilocina; como a psilocibina é metabolizada em psilocina no corpo humano, esta distinção é irrelevante. A psilocibina é altamente aparentada com uma grande classe de compostos, onde se inclui vários outros "alucinógenos", como o LSD (ácido lisérgico).

Só é desgastante ver que um dos jornais ainda diz que LSD tem potencial de abuso - uma breve passada de olhos na literatura científica não condiz com isto, a não ser que se tenha redefinido "potencial de abuso" nos últimos meses, algo do que não estou certo.

Não é necessário um estudo para comprovar os efeitos subjetivos de uma experiência como esta. Quem a teve sabe disto. Um estudo é importante, contudo, em dois sentidos: a) para limpar o caminho de muita tralha, propiciando uma discussão científica, e b) poder ter voz na mídia do estabilishment, não apenas como voz de uma "minoria" de usuários, mas a voz de uma ferramenta - a ciência - que tem grande prestígio social junto a "poderes" estabelecidos.

O interessante, também, e animador, é ver a circunstância em que o acontecimento está inserido: os pesquisadores (McCann é um nome conhecido na pesquisa com o MDMA, de um modo polêmico), o laboratório (Johns Hopkins), o país, o funding. Até este momento, as poucas alternativas vinham sendo conduzidas, de uma certa forma, fora do mainstream.

O interesse da pesquisa também conta. Eles pensam em uma aplicação de tais substâncias em casos de depressão crônica - como em pacientes terminais de câncer. Esta é a tendência em grande parte das pesquisas, ou, melhor dizendo, de tentativas de pesquisa.

Uma discussão séria e lúcida pode, então, começar a ter vez. O uso de tais substâncias tem um representação social nada positiva, independente da camada da população que se trate. Nem mesmo educação superior evita isto, o que é um dado incompreensível, ao meu ver. (Seria muito, muito interessante que eu tivesse material para comprovar isto que eu estou falando, sendo que se trata somente de percepção pessoal - bem fundamentada, sendo ainda percepção pessoal. Fica uma idéia para o futuro.)

Fico aqui esperando mais experimentos, mais resultados e mais mentes dispostas. Estou torcendo por isto, dedos cruzados, fitinha no pulso.

domingo, 4 de março de 2007

Visita aos vajrayanas

Hoje tivemos um "dharma com pipoca" aqui na comunidade da casa verde. O filme, é Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera. Um filme muito bonito, de visual mais bonito ainda. A segunda vez que eu o via.

E então, pela primeira vez, fui a uma sangha de budismo vajrayana - budismo tibetano. Aquela, que fica no Canto da Lagoa, atrás do bambuzal. Fomos eu, Edgar e o grande (literalmente) Flávio "Joshin", a convite do último que já conhecia um pessoal de lá.

Era uma cerimônia de tsog. Eu não sei o nome exato, ou do que se trata, mas era uma cerimônia de "Tara Vermelha" (faço pouco idéia do que seja, sei que é a invocação da tal), e no primeiro domingo do mês eles fazem uma espécie de oferenda de alimentos que todos comem - tsog, que foi o que eu fui.

Chegamos atrasados e nos sentamos no fundão, colocando almofadinhas coloridas nas nádegas. Crianças corriam para lá e para cá, um gato que ficava circulando pelas pessoas atrás de carinho e comida - muito parecido com o meu, por sinal, na primeira vez que o vi levei um susto de três nanosegundos, "o que você está fazendo aqui?". O lugar era muito colorido, com várias figuras nas paredes, de cores fortes, com flores estilizadas; um lugar gostoso. Um cheiro doce e fresco emanava de algum lugar.

E um monte de recitações em tibetano. Aproveitei o ambiente para um pouco de zazen. As recitações não paravam. Uma hora, dedicaram algumas palavras para seres que tinham morrido recentemente, incluindo a monja Zuiten do zen, vários praticantes humanos, um "cachorro na Lagoa" e um beija-flor.

Chegam então os pratinhos com comida. Uma pequena melange de várias coisas: um pedacinho de maçã, outro de banana, um sanduichinho de atum, tirinhas de pimentão verde, uma uva passa, fatia de queijo, biscoitinhos cream-cracker e wafers, fatias de pepino em vinagre, um pedaço de salame italiano e pimentinhas vermelhas. O último item me surpreendeu mais que o antepenúltimo (já sabia que o pessoal do vajrayana não negava carne), mas então me lembrei que era um cerimônia dos "cincos sabores", segundo meu grande amigo.

Comecei a comer as coisinhas... e o pessoal continuava recitando. Até me meti a comer a pimentinha. Uma mulher do lado me pede para eu ter cuidado, mordiscar a pontinha da pimenta primeiro. Agradeço e dou um bicadinha, que arde; "se é para comer, coma tudo de uma vez". E eu meto a pimenta na boca e a mastigo. E ela arde. Caramba, como a pimenta arde.

Chorava e fios de água escorriam pelo meu nariz. Cada respiração era como uma chama que se voltava para dentro. Recebi cinco pimentas: uma o Edgar pegou, três eu comi - a última eu praticamente engoli - e uma ficou para trás. Pretendia comer todas, afinal nunca se sabe o que o pessoal acha falta de respeito, mas uma ficou para trás - estava de bom grado para mim, muito bom grado.

Ótima oportunidade para olhar sensações sem se deixar levar demais... afinal, vai passar. Mas que arde, arde pra caralho.

Essa foi a minha visita no centro vajrayana. Fiquei contente de conhecer os colegas, e fiquei mais contente ainda por praticar o zen. Não me dou muito bem com rituais, com recitações. Prefiro o zazen, curto e simples - literalmente, preto no branco.

As formas são diversas, contudo, para diversas pessoas, diversos interesses.

Obrigado, pessoal.

sábado, 3 de março de 2007

Hora do lanche

São sete e pouco da noite. Me levanto do sofá onde me encontro, descansando de uma semana de estudos intensos estudando (é, paradoxal, mas é assim mesmo, D'na'Mari'a). Vou para cozinha com o pensamento de café fresco se antecipando ao momento presente; o café está praticamente alucinado, ali na frente: falta apenas o café real para que a minha fantasia vire realidade. Com o canto do olho, com um pedaço de banana-passa na boca, vejo um vulto cinzento se aproximando com um andar furtivo, os ombros levantados e a cabeça baixa: é o meu gato. Sei que esta não é o movimento de caçador dele: ele vem resoluto, embora devagar. Seus movimentos, se fossem humanos, me levariam a vê-los como certeza de algo. Quando ele caça, os movimentos são parecidos: o andar furtivo, a cabeça baixa, os ombros levantados. Mas algo é diferente. Talvez o olhar, não tão fixo. Os ombros, também, não tão tensos, embora semelhantes.

Ele entra assim, na cozinha, e tranquilamente passa por mim, não sem antes esfregar - de leve! - o seu rabo, e somente o rabo, por minha panturrilha, e se lança a arranhar uma das estantezinhas de madeira que temos.

Quer comer, sei de mim pra mim mesmo. Faz meses - talvez anos? - em que ele repete a mesma coisa.

Eu fico me perguntando "como é que este bicho funciona". Como é que, de uma forma ou outra, quando ele "quer comer", ele faz justamente este movimento? Por que não arranhar a cesta com a comida, ou pegar o próprio pacote de comida e servir-se ele mesmo? A pergunta, feita de uma forma senso comum, é "como é que ele pensa para fazer isto?"

Porém, eu tenho cá a minha hipótese - de que este era um comportamento supersticioso que foi reforçado mais que o acaso e virou resposta condicionada. Isto tudo é Skinner, o famoso Skinner que aprofundou as teorias de condicionamento do mais famoso Pavlov & seu Cão.

Comportamento supersticioso (daqui):

[Skinner] cortou completamente o elo causal entre o comportamento e a recompensa. Preparou o aparelho para recompensar a pomba de tempos em tempos, não importava o que o pássaro fizesse. Agora, o que os pássaros precisavam realmente fazer era só pousar e esperar a recompensa. Mas na realidade, não foi isso o que fizeram. Pelo contrário, em seis dentre oito casos, eles desenvolveram - exatamente como se estivessem aprendendo um hábito recompensado - o que Skinner chamou de comportamento supersticioso. Em que isso precisamente consistia, variava de pomba para pomba. Um dos pássaros girava como um pião, dando duas ou três voltas no sentido anti-horário, no intervalo entre as recompensas. Outro pássaro repetidamente lançava a cabeça na direção de um determinado canto no alto da caixa. Um terceiro exibia um comportamento de atirar-se para o alto, como se estivesse levantando uma cortina invisível com a cabeça. Dois deles desenvolveram independentemente o hábito rítmico do "balanço do pêndulo", oscilando a cabeça e o corpo de um lado para o outro. Eventualmente, este último hábito deve ter se assemelhado bastante à dança de namoro de algumas aves-do-paraíso. Skinner usou a palavra superstição porque os pássaros se comportavam como se achassem que o seu movimento habitual tivesse uma influência causal sobre o mecanismo de recompensa, quando na verdade isso não ocorria. Era o equivalente da dança da chuva para as pombas.

(o texto é bem interessante e merece ser lido todo... ainda mais sendo o Dawkins...)

Eu entro na cozinha, ele vem e arranha a estante, se esticando todo, e numa vez em três - digamos que ele faz isso umas seis vezes por dia - eu dou comida para ele, e todas as vezes ele come. Pra vocês verem, o reforço não é contínuo - não é sempre que ele acontece, e não é sempre no mesmo intervalo - tanto de tempo quanto de resposta reforçada.

Bem, tenho a impressão que ele secretamente ri-se de mim, pobre humano o comparando com simples pombos. De um certo ponto de vista, somos os dois mamíferos e talvez temos mais em comum em termos psicológicos do que ele com um pombo, ou eu com um pombo... Quem sabe arranhar a estante seja uma construção cognitiva?

Ah, se meu gato falasse... ou se eu, pelo menos, gateasse...

sexta-feira, 2 de março de 2007

Calor

Coisas a se questionar profundamente:

  1. o caráter de novidade que nosso pensamento e nossas práticas (humanas) parecem imprimir, sempre;
  2. a não-necessidade de uma "sacralidade";
  3. o ideal de progresso.

Um dos piores pesadelos deve ser o de um mundo transparente - de um mundo que funciona muito, muito bem; onde se pode ver o funcionamento de tudo.

Imortalidade e onisciência laplaciana deve ser a sombra secreta de qual todas as criaturas fogem em horror.

Sim, estamos apoiados nos ombros de gigantes... mas, de uma certa forma, não há nada de novo sob o sol.

*****

Está um dia terrivelmente quente aqui em Florianópolis. Ontem e hoje. O céu, azul anil, onde nenhuma nuvem pousava para nos dar refresco: a umidade da proximidade com o mar entranhava nos ossos e saía em suor escaldante. A presença insana do sol, folha alguma se mexia. Foi um dia ocupado: entreguei um trabalho, fiz uma prova, passei grande parte do dia na universidade, tive meus óculos escuros furtados, comi lanchinhos, comprei dezenas de bala de banana para distribuir entre os professores e meus coleguinhas, cheguei em casa muito, muito cansado, descobri que a moça da limpeza aqui em casa deixou todos as janelas fechadas desde o meio-dia, e meu gato mal conseguia miar, tamanho o forno aqui dentro, tomei um banho que me restaurou, e fui deitar na minha chapa macia com o ventilador soprando bafo morno em cima de mim.

Terrivelmente quente. Vou tentar ir à praia hoje, mas ainda tenho de entregar um último trabalho. Terrivelmente quente.