quarta-feira, 26 de julho de 2006

Associação Coral de Florianópolis, ontem, em sua apresentação de aniversário de 46 anos, no CIC.

Regida pelo fofo Heller, que desta vez resolveram "inovar" e fazer uma apresentação chamada Rock, juntamente com a banda Zawajus, esta que anima muitas festinhas de formatura e afins aqui pelos arrededores.

Na primeira metade do espetáculo fiquei insatisfeito: a acústica do CIC continua um tanto menos do que sempre se espera, mas as vozes das dezenas de integrantes do coral simplesmente eram apenas um murmúrio, um white noise, e se ouvia somente a bateria, o baixo, a guitarra e nem o piano do fofo Heller podia-se ouvir. Eu fiquei descontente.

Mas na segunda metade parece-me que equalizaram direito, e foi mais interessante. A interpretação da "Bohemian Rhapsody" do Queen foi muito linda: contando que eles a apresentaram ano passado, este ano ficou muito, muito melhor.

De qualquer forma, eu gostei, achei interessante, mas eu gosto de ouvir um coral ou um grupo vocal pelo o que ele é, mesmo.

Lembrei-me ontem de quando eu cantava num grupo vocal, uns quatro, três anos atrás, não me lembro. Eu não sabia (e ainda não sei) ler partitura, então o baixo cantava tudo para mim (eu era barítono), eu gravava na cabeça e mandava ver. Tenho esta boa memória musical.

Não exagero em nada ao dizer que um dos momentos mais "felizes", mais "completo", mais "banal" da minha vida foi quando, sendo uma música específica ou não, não posso lembrar, estava lá cantando de corpo e alma com todo o pessoal e uma consonância que para mim só poderia ser perfeita tomava conta. Era uma coisa linda.

O meu pequeno quinhão de voz que me cabia apoiado pelas vozes ao meu lado, reverberado, amplificado, vibrando em conjunto, até que a distinção entre a minha voz e a dos outros continua, mas importa pouco, ou de uma maneira diferente.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Terminou hoje a gloriosa semana da SBPC que ocupou a nossa querida federal daqui.

Digo gloriosa, pois foi legal ter a minha universidade, onde passo grande parte do meu tempo ultimamente, cheia de gente de diversos lugares. As pessoas que estão visitando, que vieram de longe (Paraíba e afins, e todo o resto) estavam muito mais felizes do que o pessoal daqui. Turistas (ainda mais cientistas e protocientistas) ficam muito felizes quando estão turistando. Tiram foto de cada arbusto, de cada folha seca à luz do sol da tarde. Senhoras de vestidos grossos sentadas na grama no sol baixo das três horas da tarde.

Uma feira enorme se estendeu perto do prédio do Convivência. Barraquinhas de bugigangas e comidas e mais bugigangas, e o sempre presente cheiro de incenso. Mulheres que vieram da Bahia para vender mandalas feitas de linhas coloridas esticadas numa base de metal. Os eternos gringos que vivem de vender brincos enroladinhos, como gavinhas de uma planta patagônica.

Aproveitei e assisti quatro palestras de graça (não era difícil). A primeira com a "filósofa da corte"; escutei a expressão e, apesar de saber que neste contexto ela é ofensiva, eu gostei; Marilena Chauí, a grande maga do ensino de filosofia para aqueles que nada sabem, como eu, falando sobre utopia. Um texto muito interessante, indo de encontro a um interesse meu de grande data: as distopias literárias modernas. Dois livros que apreciei muitíssimo, e ainda aprecio, foram 1984 e Admirável mundo novo. Eu tenho esta veia para ficção científica, quando na verdade a própria FC se trata de um futurismo, e todo futurismo literário tem seu tantinho de utópico.

Enfim, uma apresentação cheia do que me pareceu de leves indiretas à situação política atual.

Conheci Peter Fry, antropólogo britânico que estuda o "homossexualismo" no Brasil já faz 35. Considerações muito, mas muito interessantes sobre a questão das "paradas gays" e a saúde pública. A Míriam estava com ele também, e falou bem da questão das diferenças entre os objetivos de grupos GLBTSRHLDKAQQ aqui no Brasil e na França.

Conheci a Mara Lago, que apesar de ser daqui e de eu ter lido textos dela, eu ainda não a conhecia. E terminei com uma palestra de um antropólogo, que parecia ser bem conhecido, brasileiro, falando sobre Gregory Bateson.

Pra quem me conhece faz tempo, sabe o quanto eu tenho uma admiração secreta por este cara, o Bateson.

Ah! Eu ia quase me esquecendo que conheci também o Gabriel Cohn, este sim conhecido por aqueles que circulam pelo meio científico, que não é o meu caso, falando sobre "interdisciplinaridade" - que foi este, aliás, o tema do encontro da SBPC este ano, interdisciplinaridade.

Para mim foi muito interessante, e de uma certa forma construtivo, ver, principalmente, todas estas discussões ao meu redor. Não sou, e não pretendo, ser "cientista", mas é neste "mundo", de discussão, que eu vivo e espero fazer a minha vida em termos profissionais.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Então:

Daniel Cravinhos, 25, teve que ser retirado nesta quinta-feira do plenário do 1 Tribunal do Júri de São Paulo, onde acontece o júri do caso Richthofen, durante a leitura das cartas de amor que Suzane von Richthofen, 22, escrevia para ele na época em que os dois namoravam. Em contrapartida, os apelidos, a intimidade e as promessas de amor de Suzane para Daniel arrancaram risos da platéia.

Estes risos, por quê? O que faz uma pessoa rir das palavras de amor de um réu de assassinato?

Senso de justiça?

Senso de ironia?

Negar que um casal de "assassinos" teve tais sentimentos como amor e etcs?

Achei vil. "Entendo", mas achei vil.

terça-feira, 18 de julho de 2006

Ah, o jazz.

Tem dias que só mesmo a Sarah pra estar do meu lado.

Alguém tem que fazer a estatística pra confirmar a minha impressão: as letras de jazz usam tanto o would quanto eu escuto? é would pra cá, would pra cá... it would be nice, it would be good, if i'd, if you'd.

Tem para nós, falantes do português, aquele gostinho do futuro do pretérito, este tempo tão ausente das nossas falas e tão presente nos nossos atos cotidianos: amaria, ficaria, faria, seria...

Ah, este gostinho amargo do futuro do pretérito.