quarta-feira, 4 de abril de 2007

Henry Sobel

Eu não conheço o rabino Henry Sobel. Já o tinha visto, várias vezes, a sua imagem e a sua voz, na mídia; achei engraçado o sotaque, o cabelo. Não escutei direito o que ele falava. Então, não o conheço como rabino e como líder da comunidade judaica de São Paulo. Não sei do seu trabalho.

Ele, como todos sabem, foi pego roubando gravatas "de marca" em um loja em Palm Beach, EUA. Ele declara que não teve a intenção de roubar as gravatas, de que não sabe muito bem o que aconteceu. Passou uma noite na prisão, pagou uma fiança de 3680 dólares e pronto. Foi internado no hospital Albert Einstein na sexta passada, para investigar possíveis desordens psiquiátricas ou afins.

Reações diversas ecoaram: manifestações de solidariedade e preconceito seguiram uma a outra. Ele se afastou temporariamente da sua congregação, muito sensatamente.

Como estudante, eu sei que o rabino pode estar sendo "sincero" (relatando uma vivência "real") quando diz que não quis roubar; estas coisas acontecem. Não podemos dizer, contudo, que ele está sendo, pois isto requer uma confiança que não é preciso depositar, neste momento. A discussão passa longe se o rabino "é ou não é" cleptomaníaco ou não, se ele é um perverso ou não, se os remédios que ele toma mexeram com a cabeça dele ou não. Pessoalmente, esta discussão toda pouco me interessa, por só trazer, cada vez mais, preconceitos e defesas contra preconceitos.

Lembremos do famoso argumentum ad hominem: trata-se, na lógica, de oferecer um argumento contra um propositor do que contra um outro argumento. Falar mal de uma coisa - a religião, por exemplo - através de pontos considerados depreciativos nas pessoas que a advogam, ou nos seus representantes.

O caso dos "homens de religião" é complicado, pois deles é esperado que encarnem a moralidade de sua religião, que ajam moralmente. Assim, cai tão mal a um rabino ser flagrado roubando gravatas, mesmo que ele tenha dito que não o queria fazê-lo...

Disto tudo, tem somente uma coisa que eu gostaria de dizer: eu não queria que o rabino tivesse tido um tratamento pior, ou que esse ato isolado dele justificasse o depreciamento de uma instituição religiosa, ou de sua própria pessoa. Eu queria somente que um outro qualquer pudesse ter o mesmo tratamento e a mesma solidariedade, independente de ser rabino ou judeu ou católico ou comerciante ou evangélico e presidiário.

Lavou, tá limpo.

1 comentários:

P. Florindo disse...

Deve ser complicado para essas figuras religiosas sustentarem uma imagem de pessoas corretas e perfeitas. Acho que o mesmo ocorrem com os psicólogos. Eles também são humanos e eles erram e, por serem figuras mais conhecidas, seus erros são escancarados por isso, o que é muito constrangedor.

Se ele roubou e reconheceu o erro, tudo bem. Mas se ele roubou e não está nem aí, ele é um tremendo de um safado mal acabado.

Ainda falando em figuras religiosas. E se os padres pudessem se casar e fazer aquelas coisas que um casal teoricamente normal faz? Não diminuiria o caso de padres pedófilos (se bem que pedofilia é uma coisa extremamente diferente). Mas enfim... Todo mundo erra, mas há pessoas que não podem errar (ou pelo menos, serem pegas errando).