sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Comoção nacional

A morte de um menino de 6 anos, João, preso ao cinto de segurança do lado de fora de um carro, arrastado por 7 quilômetros pelas ruas do Rio de Janeiro. Estava com a mãe e a irmã quando três homens se aproximaram para um roubo. Elas saíram, e ele não conseguiu sair - a Folha enfatiza a hiperatividade e os problemas motores e físicos do garoto.
Na novela do horário nobre global, uma cena: três freiras lêem a tragédia no Globo, com lágrimas nos olhos e voz trêmula, e rezam um pai nosso.
Isso, sim, é comoção nacional: uma cena colocada em último momento no horário nobre.
A Folha também dá detalhes da massa encefálica e do corpo decapitado e aquebrantado. Os suspeitos foram quase linchados. A multidão gritava "assassinos". E eles disseram que não perceberam que o garoto estava preso no carro.
Mentira? Muito crack na cabeça?
Eu mesmo quis linchar um destes caras. Quis, quis, quis. Quis muito. Fiquei muito revoltado. Uma atitude natural. Foi breve, mas foi. Precisei de uma dose de razão e outra de sensibilidade para deixar o acontecimento ir...
Rezemos pelo garoto. Ou melhor, pensemos no garoto e rezemos por nós.

1 comentários:

Anônimo disse...

Todo o acontecido foi mesmo muito triste. As crianças têm um apelo tremendo. Eu fiz três viagens inteiras de ônibus imaginando o que aconteceu ao garoto.

Mas dá raiva. Da imprensa, do povo que esquece, de nós que selecionamos uma dentre várias tragédias como "motivação" para ser ouvido.