quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

"Este fato tem sido explorado por engenheiros contrários à engenharia reversa. Discuto um exemplo em Dennet, 1978 (p. 279):
Existe um livro sobre como detectar peças de antiquário falsificadas (que é também, inevitavelmente, um livro sobre como falsificar peças antigas) que dá este malicioso conselho para quem quiser enganar o comprador 'experiente': depois de terminada sua mesa ou seja lá o que for (tendo usado todos os meios usuais para simular idade e uso), pegue uma furadeira moderna e faça um furo na peça em algum lugar bem evidente e intrigante. O provável comprador argumentará: ninguém faria um furo tão feio sem ter um motivo (não se supõe que ele seja 'autêntico', de qualquer forma), então ele deve ter servido a algum propósito, o que significa que esta mesa foi usada na casa de alguém; como foi usada na casa de alguém, não foi feita expressamente para ser vendida neste antiquário... Portanto, é autêntica. Mesmo que esta 'conclusão' ainda deixe espaço para algumas dúvidas, o comprador estará tão ocupado sonhando com usos para aquele buraco que meses se passarão antes que as dúvidas venham à tona.

Já se disse, com que plausibilidade eu não sei, que Bobby Fischer usou a mesma estratégia para derrotar adversários no xadrez, sobretudo quando o tempo estava se esgotando: faça um movimento deliberadamente 'estranho' e observe seu adversário perder um tempo precioso tentando entender o que você fez."

Daniel Dennett, A perigosa idéia de Darwin. Rocco, 1998.

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