sexta-feira, 21 de julho de 2006

Terminou hoje a gloriosa semana da SBPC que ocupou a nossa querida federal daqui.

Digo gloriosa, pois foi legal ter a minha universidade, onde passo grande parte do meu tempo ultimamente, cheia de gente de diversos lugares. As pessoas que estão visitando, que vieram de longe (Paraíba e afins, e todo o resto) estavam muito mais felizes do que o pessoal daqui. Turistas (ainda mais cientistas e protocientistas) ficam muito felizes quando estão turistando. Tiram foto de cada arbusto, de cada folha seca à luz do sol da tarde. Senhoras de vestidos grossos sentadas na grama no sol baixo das três horas da tarde.

Uma feira enorme se estendeu perto do prédio do Convivência. Barraquinhas de bugigangas e comidas e mais bugigangas, e o sempre presente cheiro de incenso. Mulheres que vieram da Bahia para vender mandalas feitas de linhas coloridas esticadas numa base de metal. Os eternos gringos que vivem de vender brincos enroladinhos, como gavinhas de uma planta patagônica.

Aproveitei e assisti quatro palestras de graça (não era difícil). A primeira com a "filósofa da corte"; escutei a expressão e, apesar de saber que neste contexto ela é ofensiva, eu gostei; Marilena Chauí, a grande maga do ensino de filosofia para aqueles que nada sabem, como eu, falando sobre utopia. Um texto muito interessante, indo de encontro a um interesse meu de grande data: as distopias literárias modernas. Dois livros que apreciei muitíssimo, e ainda aprecio, foram 1984 e Admirável mundo novo. Eu tenho esta veia para ficção científica, quando na verdade a própria FC se trata de um futurismo, e todo futurismo literário tem seu tantinho de utópico.

Enfim, uma apresentação cheia do que me pareceu de leves indiretas à situação política atual.

Conheci Peter Fry, antropólogo britânico que estuda o "homossexualismo" no Brasil já faz 35. Considerações muito, mas muito interessantes sobre a questão das "paradas gays" e a saúde pública. A Míriam estava com ele também, e falou bem da questão das diferenças entre os objetivos de grupos GLBTSRHLDKAQQ aqui no Brasil e na França.

Conheci a Mara Lago, que apesar de ser daqui e de eu ter lido textos dela, eu ainda não a conhecia. E terminei com uma palestra de um antropólogo, que parecia ser bem conhecido, brasileiro, falando sobre Gregory Bateson.

Pra quem me conhece faz tempo, sabe o quanto eu tenho uma admiração secreta por este cara, o Bateson.

Ah! Eu ia quase me esquecendo que conheci também o Gabriel Cohn, este sim conhecido por aqueles que circulam pelo meio científico, que não é o meu caso, falando sobre "interdisciplinaridade" - que foi este, aliás, o tema do encontro da SBPC este ano, interdisciplinaridade.

Para mim foi muito interessante, e de uma certa forma construtivo, ver, principalmente, todas estas discussões ao meu redor. Não sou, e não pretendo, ser "cientista", mas é neste "mundo", de discussão, que eu vivo e espero fazer a minha vida em termos profissionais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fico sempre me perguntando o papel da Psicologia em um evento desse tipo. Sei que ela tem seu espaço. O que me interessa saber é se ela é verdadeiramente entendida como uma ciência por cientistas de outras áreas...

Anônimo disse...

Fiquei até com vontade ao ler seu relato de sua vivência nesse congresso. Pena que eu não pude ir... viajei, literalmente, para as Minas Gerais. Mas já estou de volta e quem sabe ano que vem...
Pra não dizer que não fui em nada, assisti a uma mesa falando sobre o polêmico currículo dos cursos de Psicologia no Brasil...
Teve Marcão Ferreira, Botomé, um cara da USP e outra da PUC de Minas.
Foi interessante!
Beijos