terça-feira, 12 de julho de 2005

Buenos Aires

Incrível o número de cafés, de parrilladas e de medialunas aqui em Buenos Aires.

É basicamente isto que eles comem; um monte de carne, muita manteiga. As panaderías fazem um ótimo trabalho, devo confessar.

Assisti hoje, por 5 argentinos, Antígona, num teatrinho de uns 30 lugares. Fiquei feliz porque, sendo a primeira vez que via Antígona (nem havia lido Sófocles), nao me restou muito estranhamento com o castellano falado. O texto nao era original, podia-se ver claramente; havia umas modificaçoes. Agora estou vendo o texto original.

Buenos Aires me parece muito, mas muito com Sao Paulo, descontando o fato que em Sao Paulo me sinto em casa, e aqui nao. É o meu terceiro dia aqui e, sinceramente, nao estou realmente adorando.

O albergue em que estamos hospedados, Lime House, é sujo, barulhento, cheio de gente de muitos lugares. De cara nao gostei dele; todos aqui o consideram meio funky, mas agora fiz as pazes. Barato: 16 pesos por dia.

Descobri que o câmbio constante de línguas me faz perder a fluência do inglês, mas a do castellano continua melhorando.

Antes de Buenos Aires estivemos no Uruguai. Desculpem-me os uruguaios, mas detestei aquele país e nao quero voltar novamente, muito menos para Montevideo. Se tem cidade que eu nao gostei, foi de Montevideo. Estava frio de rachar, o que nao é ruim em si mesmo; mas o pessoal todo era terrivelmente antipático. Fomos assaltados lá também, mas fizemos por merecer. Depois de Montevideo fomos a Colonia del Sacramento, uma cidadezinha pequena, de onde saí com o cheiro de parrilladas até o osso. Adorável, de qualquer maneira, ficamos num albergue delicioso, y me quedé muy borracho en sus calles. A parte histórica era linda. E creio que isto era tudo para se ver no Uruguai.

Pegamos o Buquebus, a balsa, até aqui. A balsa era muito kitsch.

Umas das coisas que me deixa de muito mal-humor aqui em Buenos Aires é que, nas baladas, ou tem-se de saber exatamente onde vais, exatamente, e nunca se sabe quando vai poder entrar ou nao. Tentamos a entrada, neste sábado, numa disco (indicaçao do carinha do albergue) que parecia muito boa; falamos com o segurança-armário da porta, e ele simplesmente falou que nao podíamos entrar. Wrecked Machines ia tocar no Niceto Club; fomos lá eu e William, e voilà: nao tocou. Fomos a Palermo, atrás de uns bares com drum'n'bass, outra orientaçao de outro cara do albergue, e voilà: todo cerrado.

Estou perdendo minha paciência com esta cidade. Ao menos, os passeios turísticos normais sao muito belos.

A feira de San Telmo, por exemplo. Com uma feira desta nao tem, sinceramente, como uma pessoa nao fazer um estilo proprio. Eram milhares de quinquilharias e preciosidades, desde pregos enferrujados até Baccarat, de vitrolas tocando Gardel a coleçoes de caixinhas de fósforos antigas. Jóias, roupas, chapéus, acessórios gaúchos, regionais.

E o pouco que vi de tango, na rua mesmo, foi suficiente, por ora. Lindo. Era impressao minha ou a mulher ficava olhando-me fixamente?

Tenho ainda mais uma semana, dentro do meu cronograma. Descontando a fortíssima gripe que peguei, o que me deixa temporariamente desabilitado para beber ou sair de noite (amanha é sempre outro dia), muitas coisas mais virao.

Só sei que, se morasse aqui, ia viver tomando vinho. Nao é nenhuma França, mas há muitos vinhos aqui, na faixa dos 4-6 pesos, que sao incomparavelmente melhores que os vinhos do mesmo preço no Brasil. Os mais caros, contudo, custam o mesmo.

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