sábado, 18 de junho de 2005

Estranheza

Depois do meu encontro espírita domingo passado, de madrugada

(eu dando a minha famosa caminhada - eu me perfumo e faço a barba para ir caminhar na BeiraMangue, vejam vocês - paro pra fumar um cigarro, o segundo do dia, e lá me vem um cara se alongar. Puxamos papo, papo clássico de abordagem ao Desconhecido Jovem da Madrugada - "qual o seu signo? você parece carente; dá de ver por você" - e não sei como o assunto descamba pra uma coisa mística espiritual o caralho de todas estas coisas aí a quatro - "eu que vim aqui te cantar saio elevado espiritualmente", diz ele)

segunda de manhã acordei às sete da manhã. E tem sido assim até hoje, sábado.

Falei pra minha mãe que eu realmente não me entendo mesmo.

Creio que esta semana fui levado até um dos extremos da minha visão de mundo - ou seja, de uma forma de hedonismo por mérito - e vi que, como visão de mundo, uma hora ela se esgota e só deixa o vazio, este que nem chega a ser cotidiano.

Tomei um dia para mim, para fazer justamente nada. Não falo de deixar de fazer as coisas que eu penso que deveria fazer, como ser cordato, gentil, inteligente e bonito, ainda por cima, mas sim de fazer nada mesmo - estritamente o necessário para não ficar inconsciente (aí tive de fazer o corte epistêmico).

Percebi então que a minha vida é um passar-tempo, por mais "honorífico" que possa parecer. A princípio fiquei um tanto quanto vazio, mas para quê isto? No momento, não me sabe nem bom ou nem mau.

Shortly thereafter, li "O estrangeiro", do Camus. Gostei do livro de saída, por ser pequeno. Li de duas sentadas (levantei para o café), e no final do livro estava sentindo tudo meio leve, enevoado. Puta livro bom. De tão bom, vou esquecê-lo e ler depois de três semanas. Peguei uma vontade de não tocá-lo mais.

E depois eu li "O processo", do Kafka. Outro livro bom que não quero tocar nem com a ponta das garras do Gato. História ao mesmo tempo tão irreal e tão real.

Vou tentar parar de ler, prometo. Só coisas leves, frugais, imberbes, como Júlia e Sabrina. Hoje corri, pela primeira vez em três semanas, e fiquei muito contente por não ter perdido o meu fôlego primário antigo. Final de semana passado fodi bastante. Fui o primeiro homem de alguém, o que me deixa sempre num misto de euforia, enternecimento e cuidado.

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Ócio

Ócio, bons momentos de ócio. Incompreensível para mim e para outros, embora precioso e necessário.

Daqui a pouco termina, de qualquer maneira.

paracetamol e fenilefrina:
uma boa maneira
de morrer na esquina

(esses remédios de gripe me deixam dopado: quase fui atropelado, de leve, hoje)

domingo, 5 de junho de 2005

Completa, amanhã, uma semana do movimento estudantil contra o aumento da passagem de ônibus, aqui em Floripa.

Até agora vi a situação somente pelo ponto de vista de relatos e discursos: mídia, colegas, rádios. Amanhã irei dar uma olhada ao vivo, mesmo do ponto de vista de espectador. Preciso conferir pessoalmente o que é, aos meus olhos, que está acontecendo.

Apesar de atos de vandalismo de terceiros, de catarse e demais "movimentos de massa", da falta de informação e de engajamento de muitos, e de todos aqueles pirralhos que acham que aquilo, sendo divertido, é a maneira mais autêntica de "protesto", tenho certeza que,

se as reinvidicações forem bem-sucedidas neste exato momento da política do município, tal movimento arrendará uma voz política de verdade, perto das eleições para governador. Qualquer coisa neste sentido que aconteça aqui, em Florianópolis, por mais baderna que contenha, é muito bem-vindo, na minha opinião.

Esta cidade que quase morre, por falta de ar.

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Saí, definitivamente, do meu curso de psicologia, depois de bons e ruins quatro anos e meio. Um pouco transtornado, mas uma decisão bem tomada; época de negociações com as várias partes.